Macron, habitualmente vestido de fato escuro e gravata, trocou esse formalismo por uma t-shirt preta, gravando um vídeo curto a  partir da residência de verão da presidência no sul da França, no qual afirma que as vacinas são a "única arma" contra uma quarta onda de infeções.

"Sei que muitos de vocês ainda têm dúvidas, estão com medo, muitos ouvem informações falsas, boatos falsos, às vezes puros disparates - é preciso dizer - então decidi responder às vossas perguntas diretamente", disse ele no vídeo.

O jornal francês Le Figaro considerou em artigo de análise que o look do Presidente foi "sóbrio, direto, relaxado e, acima de tudo, socialmente amigável", mas, em contra partida, a sua mensagem parece ter-se perdido face àquilo que vestia. Mais do que a surpresa de encontrar o Presidente de França de t-shirt, a Internet fixou-se no símbolo que a adornava.

Parecendo tratar-se de uma coruja composta através de formas geométricas, irromperam várias teses quanto à sua origem ou às intenções de Macron em mostrá-la num vídeo destinado a milhões de pessoas. A adensar o mistério está o facto de, à data, não se saber qual é o fabricante deste artigo de vestuário, não sendo possível encontrar marcas na internet onde surja tal símbolo.

Por isso mesmo, começaram a surgir em diferentes redes sociais teorias de que se tratava de uma mensagem subliminar, parte de uma cabala secreta, destinada a ser compreendida apenas pelos seus aderentes.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, uma das teses é de que é uma versão moderna do Bohemian Club, um grupo político criado no estado da Califórnia, tendo sido formado por americanos que entenderam o movimento boémio europeu da segunda metade do século XIX como uma forma de contracultura contra a burguesia. No entanto, este clube, que ainda hoje existe, sendo composto exclusivamente por homens de negócios e políticos dos EUA, Europa e Ásia, não tem o mesmo símbolo da camisola de Macron, além de ser acompanhado por letras vermelhas.

Outras teses debruçaram-se sobre o facto de coruja ter duas palavras em francês: "hibou" (para corujas com tufos nas orelhas) e "chouette" (sem os tufos), sendo que a primeira é um símbolo de azar e da morte cujo significado já vem desde a Roma Antiga, e a segunda ligada à cultura grega, sendo a ajudante da deusa Atenas e também sendo um termo francês para "super".

A complicar tudo isto, o Eliseu ainda não respondeu a quaisquer questões dos jornalistas relativas à t-shirt, permanecendo a dúvida no ar. No entanto, já há à venda uma t-shirt chamada "a t-shirt de Macron do TikTok", para aproveitar o momento viral.

De resto, houve razões para Macron quebrar a habitual formalidade protocolar e dirigir-se de forma mais calorosa, dado o momento que o país atravessa. O Presidente tomou a palavra após um terceiro dia de protestos contra o novo certificado de saúde que levou cerca de 200.000 pessoas às ruas em toda a França no sábado.

Os manifestantes têm protestado desde que Macron anunciou no mês passado que os cidadãos teriam de apresentar um certificado  de vacinação, resultado negativo em teste de covid ou recuperação recente do vírus para entrar em museus, cinemas e locais desportivos.

A regra, que visa combater uma quarta onda de infeções, será estendida a bares, restaurantes, comboios de longa distância e centros comerciais no dia 9 de agosto.

Na noite de sábado, um centro de vacinação na ilha caribenha francesa de Martinica foi incendiado por manifestantes, enquanto na cidade de Montpellier, no sul da França, os manifestantes assediaram um farmacêutico que realizava testes de covid, acusando-o de "assassino" e "traidor".

Até o momento, 42,6 milhões de pessoas na França receberam pelo menos uma dose da vacina, o que representa 63,2% da população. Destes, 35,7 milhões estão totalmente vacinados, o que corresponde a 52,6% dos franceses. Quase 112.000 pessoas morreram em França desde o início da pandemia.

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