O estudo “Eliminar a hepatite C em Portugal: da visão à ação”, apresentado na terça-feira na Faculdade de Economia e enviado hoje à Lusa, pretende contribuir para a implementação de um plano estratégico nacional centrado na proximidade, simplificação e integração de processos.

“Apresentamos propostas, recomendações e soluções muito concretas. Se amanhã o Governo quiser pegar no nosso documento para implementar as iniciativas, pode fazê-lo”, explica João Marques Gomes, coordenador e um dos autores do estudo, acrescentando que existem até recomendações para a implementação das propostas.

Em causa, considera, não estão questões de financiamento, mas de organização, já que a simplificação de alguns procedimentos permite reduzir custos e reorientar capital para os incentivos necessários.

Segundo o investigador, Portugal comprometeu-se com o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de eliminar a hepatite C enquanto problema de saúde pública até 2030, mas, na altura em que se iniciaram os trabalhos, ainda não havia nenhum plano estratégico neste sentido.

Com o objetivo de “passar da visão à ação”, os investigadores da unidade de investigação da Nova SBE dedicada às temáticas da gestão e economia da saúde pública (Nova Healthcare Initiative) mapearam o percurso de diferentes perfis de doentes e identificaram as principais dificuldades.

“Fizemos um diagnóstico muitíssimo rigoroso”, conta João Marques Gomes, esclarecendo que a equipa teve o contributo de vários especialistas e representantes de todas as partes interessadas (incluindo médicos, Direção-Geral de Saúde, Ministério da Justiça e ONG próximas dos doentes) para desenhar o melhor plano de ação.

No documento final, os investigadores apresentam um conjunto de propostas com vista à maior proximidade ao doente, como o diagnóstico e tratamento na comunidade, a existência de um gestor de caso, que facilite a coordenação entre os diferentes pontos de contacto do sistema de saúde, e de um navegador de saúde, que acompanhe o doente desde o diagnóstico até ao fim do tratamento, em particular em casos de exclusão social.

O estudo propõe também o rastreio universal para a população adulta e a facilitação do rastreio e do tratamento que, segundo João Marques Gomes, são atualmente processos complexos e “autênticos labirintos”.

O coordenador considera que se Portugal aplicar estas propostas, está em condições de eliminar a doença até 2030, conforme o objetivo definido pela OMS.