"Após meses de tentativas de comunicação, poucas e evasivas respostas por parte da FS e da Coordenação do Serviço Educativo e nenhuma alteração face à situação inicialmente denunciada a 5 de abril de 2020 em Carta Aberta, a equipa comunica que tem conhecimento e possui provas de estar a ser afastada e de que estão já a decorrer entrevistas na Fundação de Serralves para novos educadores", afirmam num comunicado subscrito por 19 de 25 educadores.
De acordo com os seus subscritores, tal informação contraria não só o que a Fundação de Serralves alegou, como adensa ainda "a conjetura de se estar a iniciar um processo de dispensa da atual equipa".
Contactada pela Lusa, a Fundação de Serralves, entre outros argumentos, disse que "o Museu nunca procedeu a qualquer 'recrutamento' de prestadores" para o Serviço Educativo Artes, admitindo, por seu lado, que pode haver marcação de entrevistas, quando sabe de interessados, para conhecer as pessoas em causa.
Os educadores, no entanto, questionam a "pertinência destes novos recrutamentos", assim como a integração na equipa de um "grupo de 7 novos educadores (antes do covid-19)", que também assinam esta carta, "e que tudo indica já estarem dispensados, exatamente por se terem posicionado e não terem ficado em silêncio".
Consideram também que esta situação vai contra o que a FS previamente referiu de não reunir condições para chamar os seus trabalhadores, deixando muitos dos educadores, em suspenso, durante vários meses, e sem qualquer perspetiva de quando ou se voltariam sequer a poder desenvolver trabalho como arte-educadores no Museu de Serralves.
Em resposta a Lusa, a fundação afirma que "o Museu tem continuado a recorrer a fornecimentos externos para o seu Serviço Educativo Artes", apesar da crise e da "enorme redução da atividade", e continuará a fazê-lo, "de acordo com as necessidades da programação" e "utilizando, a cada momento e quando necessário, os prestadores de serviços que melhor respondam às exigências do seu público e às especificidades das atividades em causa".
"Este processo é liderado pela Direção do Museu em articulação com a Coordenação do Serviço Educativo Artes que, aliás, tem contactado alguns dos subscritores do comunicado para a realização de atividades, sendo que alguns destes é que têm manifestado a sua indisponibilidade para o efeito, como aliás os mesmos reconhecem, pelo que é absolutamente falso que exista um "processo de dispensa" em curso dos subscritores da mesma", esclarece, salientando estar a agir, como sempre fez, em total conformidade com a lei e de acordo com a sua prática habitual.
Serralves sublinhou ainda que "o Museu nunca procedeu a qualquer 'recrutamento' no que respeita aos prestadores de serviços do Serviço Educativo Artes", acrescentando que, quando tem conhecimento de pessoas interessadas, a Coordenação de Serviço Educativo Artes pode marcar entrevistas para as conhecer e ver se reúnem as características necessárias para prestar os seus serviços ao Museu.
Serralves rejeita ainda que tenha deixou em "suspenso" os subscritores da carta, tendo lhes respondido várias vezes, e a direção explicado "claramente a sua posição".
Num comunicado conhecido hoje, a equipa de educadores afirma que, das poucas interações com a sua coordenação, alguns educadores têm recebido propostas de adaptação e/ou realização de oficinas que não deixam margem para negociação ou escuta das condições e necessidades dos educadores.
"Lamentamos toda a postura e falta de integridade da atual Administração para com os seus educadores, que se encontram na linha da frente a representar o bom nome da instituição todos os dias, com os mais diversos públicos", concluem.
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