Greta Thunberg lidou com uma depressão durante três ou quatro anos antes de se tornar uma ativista pelo clima. "Ela parou de falar, parou de ir à escola", contou o pai. Foi um "pesadelo" quando ela deixou de comer, acrescentou.

Para a ajudar, os pais da jovem sueca dedicaram mais tempo à família, tendo a mãe, Malena Ernman, cantora de ópera, cancelado contratos para que a família pudesse estar reunida. Os anos seguintes foram de pesquisa e discussão sobre o tema das alterações climáticas.

Sendo "muito ativa" na defesa dos direitos humanos, Greta acusou mesmo os pais de serem hipócritas por não levarem o tema das alterações climáticas a sério, contou Svante Thunberg, citado pela BBC.

Em resultado, a família mudou comportamentos para se tornar mais amiga do ambiente — o pai tornou-se vegan, a mãe deixou de viajar de avião, por exemplo.

"Eu fiz estas coisas, sabia que era a coisa certa a fazer... mas não o fiz para salvar o clima, fi-lo para salvar a minha filha", assume o pai da jovem ativista.

O ativismo de Greta deu-lhe um novo folgo. Segundo Svante Thunberg, Greta "mudou" e tornou-se uma jovem "muito feliz".

"Vocês pensam que ela não é normal porque ela é especial, famosa e todas essas coisas. Mas para mim ela é uma criança normal - ela pode fazer tudo o que os outros fazem. Ela dança, ri muito, diverte-se, está a viver um bom momento".

O pai da jovem assume, no entanto, que numa fase inicial não viu com bons olhos a ideia da greve climática — faltar às aulas em protesto contra as alterações climáticas. E, mesmo sabendo que hoje Greta é uma menina feliz, preocupa-se com o "ódio" de que esta é alvo.

"As notícias falsas, todas as coisas que as pessoa fabricam contra ela e o ódio que isso gera", estão entre as principais preocupações de Svante Thunberg.

Greta, no entanto, parece lidar bem com isso. "Francamente, não sei como ela o faz, mas ela ri-se na maior parte do tempo. Acha isso hilariante".

A expectativa de Svante é de que as coisas se tornem "menos intensas" no futuro e acredita que Greta "quer muito voltar à escola".

Em breve a jovem ativista terá 17 anos e deixará de precisar e viajar acompanhada, mas se as coisas não acalmarem e a filha precisar, Svante Thunberg garante que fará por estar presente. "Mas acredito que fará cada vez mais as coisas por si mesma, o que é ótimo", confidenciou.

Greta Thunberg é uma jovem sueca que em agosto de 2018 decidiu começar a faltar às aulas todas as sextas-feiras para protestar junto do parlamento sueco, exigindo medidas sérias no combate às alterações climáticas.

Os seus esforços para aumentar a consciencialização para a crise climática tornaram-se globais e no dia 24 de maio de 2019, uma sexta-feira, mais de um milhão de jovens de mais de 100 países faltaram às aulas para exigir medidas dos governos no combate às alterações climáticas.

A jovem tem 16 anos, mas parece ter 12 e muitas vezes usa o cabelo trançado — a sua imagem de marca. Greta Thunberg tem síndrome de Asperger, o que significa que não opera no mesmo registo emocional de muitas das pessoas com quem se encontra, explica a Time, que a escolheu como personalidade do ano. A jovem não gosta de multidões, ignora conversa de circunstância, é muito direta e descomplicada quando fala.

Tudo começou para Greta Thunberg quando uma professora mostrou na escola um vídeo com os efeitos das alterações climáticas: ursos polares esfomeados, situações climáticas extremas, inundações. A docente explicou que a causa de todos aqueles fenómenos eram as alterações climáticas. Os alunos ficaram consternados, mas a maioria seguiu em frente. Não foi o caso da jovem Greta, que se começou a sentir extremamente sozinha, conta a Time.

Aos 11 anos acabou por entrar numa depressão e durante meses praticamente deixou de falar e comia muito pouco, quase sendo hospitalizada.

Em maio de 2018, Greta Thunberg escreveu um texto sobre as alterações climáticas que foi publicado por um jornal sueco, tendo posteriormente sido contactada por ativistas ambientais que sugeriram que se protagonizasse um protesto — tal como aconteceu com os alunos da escola norte-americana Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, que protestaram contra o porte de arma nos EUA — mas houve quem se opusesse.

A ideia, no entanto, ficou com a jovem, que mais tarde informou os pais que iria começar uma greve às aulas para pressionar o governo sueco a agir e ir ao encontro dos compromissos firmados no Acordo de Paris sobre o Clima. A ideia era que esta greve durasse até setembro de 2018, altura das eleições suecas.

Começou sozinha, mas outros se foram juntando e depressa se transformou num movimento.