"Há uma incoerência entre aquilo que [partidos] dizem por um lado e aquilo que defendem no que toca a determinadas áreas de atividade económica", afirmou André Silva, que falava aos jornalistas no arranque da manifestação da Greve Climática Global, no Cais do Sodré, em Lisboa.

Para o porta-voz do PAN, nos últimos quatro anos, após a eleição de um deputado, o partido "conseguiu colocar o ambiente como campo político autónomo", sendo "natural que cada vez mais partidos adotem o ambiente, a salvaguarda dos ecossistemas e o combate às alterações climáticas na sua narrativa" e como uma das suas prioridades.

No entanto, essa mudança não está livre de incoerências ou omissões que "perpetuam o paradigma que existe", constatou, apontando para o exemplo da reprovação de iniciativas parlamentares contra a exploração e prospeção de gás e petróleo em Portugal.

"Vejam por exemplo o CDS, PCP, PS e PSD que não querem revogar a lei que permite explorar hidrocarbonetos neste país", vincou André Silva, dizendo que o PAN é "dos únicos partidos que defende a revogação dessa lei" (Bloco de Esquerda e "Os Verdes" também apresentaram iniciativas para travar a prospeção e exploração de gás e petróleo no país).

"Não é possível, não é coerente defender medidas concretas de combate às alterações climáticas a dez anos do ponto de não retorno e querermos continuar a explorar petróleo e gás no nosso território", sublinhou André Silva.

O PAN marcou presença na Greve Climática Global, com algumas dezenas de militantes que seguiram na cauda da manifestação que arrancou no Cais do Sodré e que termina no Rossio.

Com uma tarja onde se lia "Escolhe o teu planeta", os militantes do PAN foram entoando palavras de ordem como "Mudar é urgente, salvar o ambiente", "Os braços em cima para salvar o clima", "Ao petróleo, à poluição, eu digo não, não, não" e "Salvar a Amazónia, travar o Mercosul".

Pelo caminho, André Silva cruzou-se com Vítor Vidal, reformado que se queixou que nesta manifestação não conseguia vender tantas garrafas de água de plástico.

"Fosse outra manifestação e vendia muitas mais", disse Vítor Vidal, que conhecia o homem que tinha à sua frente. "É o André Silva, do PAN", respondeu aos jornalistas.

Vítor Vidal, que aproveita manifestações para vender água e cerveja, pensa agora trocar as garrafas de plástico pelas de vidro, para ver se o negócio corre melhor num próximo protesto.

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