Esta condenação em relação à forma como estarão a atuar alguns elementos do partido consta do comunicado da reunião de terça-feira do Comité Central do PCP - documento cuja versão integral foi publicada na quinta-feira no site do PCP.
Este ponto do comunicado, porém, não foi referido especificamente na conferência de imprensa do secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, na quarta-feira de manhã.
O Comité Central dos comunistas entende que se está perante "um processo marcado pelo prolongado e sistemático ataque dirigido contra o PCP, em que alguns ex-membros e membros do partido se têm inserido".
Esses ex-membros e membros do partido, segundo o Comité Central do PCP, têm atuado "pela animação de ideias e conceções retrógradas e populistas, em que se inclui o branqueamento do fascismo e do que ele representou, pelas operações provocatórias que a partir de estruturas e movimentações diversas visam dividir os trabalhadores e descredibilizar a sua luta e as suas organizações representativas de classe".
No comunicado, salienta-se que esses mesmos setores terão contribuído para a "difusão de elementos que têm como alvo a própria democracia e a ação política em geral, independentemente do conteúdo concreto que ela expressa, pela inscrição de objetivos que procuram novos passos na subversão da Constituição da República Portuguesa".
O órgão máximo do PCP deixa ainda um forte ataque a correntes que classifica como "reacionárias".
"O Comité Central do PCP salienta a persistência na vida política nacional de traços, presentes nas eleições e respetivos resultados, inseparáveis do processo que os setores mais reacionários têm em curso para recuperar o espaço e tempo perdidos, na intensificação da ofensiva que inscreveram como objetivo e que conheceu, ainda que parcialmente, nestes últimos quatro anos, um revés de que nunca se conformaram", sustenta-se ainda no comunicado.
Na conferência de imprensa de quarta-feira, Jerónimo de Sousa considerou que o seu partido foi alvo de um a "intensa e prolongada operação sustentada na mentira, na difamação e na promoção de preconceitos, seja na manipulação de posicionamentos, seja na difusão de estereótipos, visando atribuir ao PCP e ao PEV conceções que o seu percurso, prática e projeto não autorizam".
"Com este resultado da CDU os interesses dos trabalhadores e do povo saem enfraquecidos, mas o PCP cá estará, como sempre esteve, garantindo os compromissos assumidos, dando força à luta dos trabalhadores e do povo para defender direitos, para com a sua intervenção e luta combater retrocessos e contribuir para uma vida melhor", concluiu Jerónimo de Sousa.
A CDU, coligação formada pelo PCP e Partido Ecologista "Os Verdes" alcançou nas eleições legislativas de domingo 6,46% (329.117 votos) e 12 mandatos, quando ainda faltam atribuir os quatro deputados eleitos nos círculos da Europa e Fora da Europa, dois parlamentares em cada.
Desde que Jerónimo de Sousa é o líder dos comunistas (novembro de 2004), esta foi a primeira vez em que a CDU viu encolher a sua bancada parlamentar, pois foi sempre aumentando o número de tribunos no parlamento: 14 em 2005, 15 em 2009, 16 em 2011 e 17 em 2015.
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