“O PCP nunca será descartável, é evidente”, afirmou o líder do PCP em entrevista à Antena1, justificando que “não é descartável porque a Assembleia da República, a sua composição, vai determinar muito do futuro das políticas”.
Jerónimo de Sousa assinalou que existe “este esforço do Partido Socialista, em primeiro lugar, tentar a maioria absoluta por si mesmo, em segundo lugar ver quem é que menos incomoda”.
Porém, continuou, caso o PS não obtenha maioria absoluta nas legislativas de 06 de outubro, “naturalmente a situação política pode desenvolver-se num quadro em que sempre que existiram maiorias absolutas houve indiferença, subestimação do papel da Assembleia da República e, por isso mesmo, é que essa arrumação de forças vai ser determinante, conforme se arrume, onde estará com certeza o PCP e a CDU”.
Relativamente a uma repetição do acordo de governação que marcou os últimos quatro anos, Jerónimo evita colocar condições à partida.
“Isso das linhas vermelhas não temos, agora o que temos é uma política alternativa perante aquilo que o Partido Socialista irá, e está a propor ao povo português. Mas insisto, será ao pé do pano que talhamos a obra e em cada iniciativa, em cada medida do futuro governo, nós agiremos: o que for bom para os trabalhadores e para o povo votaremos a favor, o que for mau votaremos contra”, assinalou.
O secretário-geral do PCP (partido que concorre às legislativas coligado com o PEV) notou que “este é um princípio fundamental” que “anima” o partido e advogou que “é possível continuar na senda dos avanços”.
“Lutamos por isso, não é para ter mais deputados para mostrar, é para dar mais força a esta linha de contribuir para resolver os problemas”, frisou.
Numa retrospetiva do início da legislatura, Jerónimo de Sousa reclama a criação da ‘geringonça’, considerando que em 2015 o Partido Comunista “criou as condições para uma solução política de um Governo minoritário do Partido Socialista”.
“Eu lembro-me daquele momento, daquela noite [eleições legislativas de 2015]. PSD proclamava a vitória, o Partido Socialista apresentava os parabéns ao PSD pela vitória, o Bloco estava nas comemorações do seu bom resultado, e foi o PCP que deu uma contribuição inestimável para que essa solução fosse encontrada”, apontou.
Ao longo destes quatro anos, considerou, a negociação “foi de grande exigência” uma vez que “não bastava apresentar propostas”, era preciso “lutar” por elas com “uma paciência de persistência, de fundamentação”.
Questionado sobre a criação de uma terceira central sindical, o líder comunista lembrou que essa “é uma pretensão velha” de “há muitos, muitos anos”, mas este é um processo “que não tem vingado”.
“A liberdade sindical deve ser respeitada, e liberdade de organização e por isso mesmo é que, nós em relação à UGT, por exemplo, nunca questionámos a sua existência, era o que faltava”, salientou.
Sobre Pardal Henriques, o ex-porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e atual candidato pelo PDR, Jerónimo de Sousa observou ser “óbvio que houve ali desejo de protagonismo” porque “só no fim [da greve] é que anuncia que ia ser candidato a deputado”.
“Insisto que os sindicatos não devem servir esses protagonismos, quanto ao resultado logo vemos”, rematou.
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