Numa sessão de perguntas e respostas na Guarda, que o PSD tem designado de ‘talk’, o tema de Tancos não foi abordado pelo líder do PSD – apenas pelo cabeça de lista local, Carlos Peixoto -, mas Rui Rio defendeu que a principal reforma necessária na política é a mudança de postura.

“A postura da hipocrisia, a postura do politicamente correto, a postura manhosa, nós estarmos na política com hipocrisia, com manha, falsidade e dizer apenas aquilo que todos queremos ouvir e sabemos que não é verdade é profundamente descredibilizador”, afirmou Rio.

O líder do PSD admitiu que uma outra via pode ser arriscada, mas é “a única que é capaz de fazer”.

“O politicamente correto, a hipocrisia, não sei fazer bem. Se fosse para continuar assim, não seria o melhor protagonista, só se for para dizer o que penso, mesmo sujeito a ter um batalhão de comentadores do politicamente correto contra mim”, assegurou.

Rio considerou que “não é por acaso que se assistem a tumultos internos no partido”, dizendo que se deve “estar a mexer na forma” de funcionamento do partido e de estar na vida política.

A sessão de campanha decorreu no Cineteatro da Guarda, local escolhido por ter sido onde o fundador do PSD, Francisco Sá Carneiro, fez o primeiro comício na cidade, antes de ser primeiro-ministro, e Carlos Peixoto não resistiu à comparação.

“Dizem que a história não se repete, mas nós queremos que a história se repita (…) temos esperança, temos confiança de fazer de si desde a Guarda primeiro-ministro de Portugal”, afirmou, destacando a “hombridade, decoro e princípios” que considera caracterizar os dois líderes do PSD.

À entrada, uma exposição homenageava precisamente Sá Carneiro, representado numa figura em cartão quase em tamanho real, que muitos aproveitaram para tirar fotografias.

Rui Rio não rejeitou a comparação: “A carga política que eu quero trazer para o PSD é a carga política do PPD, aquilo que era a política do mais genuíno que havia e que o dr. Sá Carneiro a todos nos ensinou”.

“É exatamente aquilo de que Portugal mais está a precisar é uma personalidade vincada idêntica aquela que tinha o dr. Francisco Sá Carneiro”, defendeu.

O líder da distrital da Guarda considerou que, quer com Sá Carneiro quer com Rui Rio, não se passaria em Portugal um caso como o de Tancos, salientando que o processo já não está em segredo de justiça.

“Há uma troca de mensagens em que o anterior ministro assume que tinha conhecimento da ‘encenação’, assume que sabia que as armas iam aparecer e que ia ao parlamento mentir. O que é que o primeiro-ministro diz de um ministro da Defesa que ele escolheu e que mente aos portugueses e mente ao parlamento?”, questionou o cabeça de lista do PSD pela Guarda.

Numa sessão de perguntas de mais de uma hora, e em que voltaram a ser repetidas questões sobre temas como a saúde, descentralização e economia, Rio deixou ainda um ataque ao PS em matéria de pensões.

“Quando o PS vem dizer que se o PSD ganhar lá vêm cortes nas pensões, não é honesto do ponto de vista político, porque sabe que isso não é verdade”, criticou, assegurando que se os sociais-democratas vencerem as eleições “aplicarão a lei” e as pensões subirão, umas à taxa da inflação e outras acima.

Em 2015, a coligação PSD/CDS-PP elegeu dois dos quatro deputados escolhidos pela Guarda, círculo que nestas legislativas perdeu um deputado, e Carlos Peixoto assumiu como meta manter ambos.