"Não tenho dúvida de que, para os empresários, a alternativa será o candidato Bolsonaro. Esse é o sentimento que tenho escutado como presidente das associações comerciais do Brasil em todos os eventos em que tenho participado e em todos os estados. Talvez porque os outros candidatos não souberam vender bem as suas propostas", afirmou, em entrevista à Lusa, George Teixeira Pinheiro, à margem de uma conferência em que participou em Lisboa.
Os empresários atravessaram um período difícil, com um grande número de pessoas desempregadas, com o custo real do dinheiro muito caro, juros dos mais altos do mundo e uma burocracia brasileira muito grande, bem como excesso de fiscalização pública e de impostos, explica, em jeito de justificar um possível voto da classe empresarial em Jair Bolsonaro.
"Então precisamos de mudar. E essa é a realidade", conclui.
A reforma tributária é a prioridade para os empresários, diz, admitindo que tem sido um tema abordado em campanha por todos os candidatos que disputam o governo do Brasil. E refere que tem sido também uma das prioridades do atual governo de Michel Temer, que termina o seu mandato daqui por três meses.
"Não há nenhum problema se um Bolsonaro ganhar. Infelizmente as alternativas que nós tínhamos em relação aos candidatos mais de centro não se realizaram e hoje temos duas coisas antagónicas, uma muito à esquerda e uma muito à direita. A população vai decidir, mas a disputa está muito grande no Brasil", afirma o representante dos empresários.
Para George Teixeira Pinheiro, o momento que o Brasil atravessa "é muito importante" e "consolida a democracia brasileira com uma disputa cerrada para a presidência da república", porém, admite, o país "está um pouco mais dividido entre esquerda e centro direita".
O problema, que se vive hoje, deve-se a "um longo período de um governo de esquerda, primeiro com o Presidente Lula, depois com a Presidente Dilma que terminou num ‘impeachment’, após o que se seguiu o Presidente Michel Temer".
Este último, diz George, "tentou modificar algumas coisas e aprovou diversas propostas modernas, como a reforma trabalhista, mas nós precisamos de mudar e aprovar uma reforma tributária e uma reforma previdenciária".
Da parte de todos os brasileiros, garante, há, por isso, "uma expectativa muito grande, porque o Brasil precisa voltar a crescer. Estamos com um número muito grande de pessoas que não têm emprego".
Na sua opinião, o candidato da direita às eleições de 7 de outubro também não traria problemas ao Brasil em termos de relações internacionais.
Pelo contrário, defende, Bolsonaro "está acenando com perspetivas muito melhores" nas relações com os principais intervenientes no mundo, com a Europa, os Estados Unidos, a Inglaterra e até com a Rússia e a China.
"Sinceramente, não vejo problemas a esse nível com nenhum dos candidatos, mas com Bolsonaro a expectativa, economicamente, parece ser muito melhor para os empresários brasileiros", salienta.
"O Brasil tem vindo há muito tempo a ter acordos comerciais com os países que estão à parte do desenvolvimento. Estamos falando de alguns países da América Latina, da África, mas não com países do primeiro mundo. O Brasil patina há alguns anos para fazer o acordo do Mercosul com a Europa. Esse acordo tem de sair de imediato e esse acordo é promessa do candidato Bolsonaro", afirma.
Nesse sentido, “a certeza política é muito importante. Tem que se ter segurança e garantias de que os negócios não mudam, que o país vai honrar os seus compromissos ", acrescenta o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, uma das mais antigas organizações associativas do país com 2 300 associações.
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