À saída da sua audição no Parlamento Europeu, que acabou com muitos aplausos dos eurodeputados, a comissária designada por Portugal para o executivo de Ursula Von der Leyen admitiu não ter ficado surpreendida com as perguntas dos eurodeputados do Partido Social-Democrata, que foram particularmente incisivos nas suas intervenções.

“Estamos em período de campanha eleitoral [para as legislativas] e as pessoas, no fundo, querem também brilhar. Agora, enfim, acho que as respostas foram sólidas”, sustentou.

Durante a audição, Elisa Ferreira ouviu Lídia Pereira acusá-la de querer reduzir a ambição de europeístas “a uma produção de ‘mini-troikas, de troikinhas para cada país, para cada setor”, tendo prontamente respondido, com ironia, que era “com muito prazer” que ouvia a eurodeputada social-democrata falar “com esse distanciamento” da ‘troika’.

Antes, a antiga eurodeputada já tinha ‘repreendido’ Lídia Pereira por trazer temas nacionais para a assembleia europeia, depois de esta ter acusado o ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, de não ter reformas estruturais no seu país nem na zona euro.

Já Álvaro Amaro e José Manuel Fernandes criticaram as respostas escritas endereçadas por Elisa Ferreira ao Parlamento Europeu, nas quais a comissária indigitada referiu que “o quadro financeiro para o pós-2020 proposto pela Comissão em maio de 2018 é adequado, dados os constrangimentos existentes”, nomeadamente o ‘Brexit’ e os novos desafios existentes, como as alterações climáticas.

“Como proposta técnica, não me parece que seja de rejeitar esta proposta. De maneira nenhuma. Acho que é uma proposta técnica decente, sobre a qual se tem de trabalhar”, elucidou, depois de, durante o decurso da audição, já ter explicado que as suas palavras tinham sido mal-interpretadas.

Considerando que tem havido “alguma seleção mediática deste tema”, injustificável na sua opinião, Elisa Ferreira esclareceu que se tem transmitido a ideia errónea de que haverá uma rutura brutal na política de Coesão relativamente ao orçamento comunitário em vigor, uma ideia que desmistificou na sua comparência diante dos eurodeputados e posteriormente aos jornalistas.

“Este quadro comunitário que está ainda em funcionamento foi um quadro que relativamente ao período anterior teve um corte, a preços constantes, de 10,5%. O que estamos neste momento a discutir é um ajustamento nos mesmos termos de 7%”, vincou.

Concluída a audição que será decisiva para assumir em 01 de novembro a pasta da Coesão e Reformas no novo executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen, a política portuense, de 63 anos, avaliou como “muitíssimo interessante” a troca de ideias com os eurodeputados.

“Gostei muito. Os eurodeputados que estavam na sala e que fizeram perguntas são peritos, são pessoas que percebem muito dos vários assuntos, e a mim deu-me pessoalmente muito prazer esta discussão, deu-me mesmo prazer”, completou.

Quanto ao parecer dos eurodeputados, que dada a hora tardia da conclusão da audição só será conhecida na quinta-feira de manhã, a comissária indigitada reconheceu não estar apreensiva.

“Veremos, não vale a pena fazer antecipações”, concluiu.

Se Elisa Ferreira, de 63 anos, receber a ‘luz verde’ dos eurodeputados, como é expectável, tornar-se-á a primeira mulher portuguesa a integrar o executivo comunitário desde a adesão de Portugal à comunidade europeia (1986).

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