Num debate de alto nível do Conselho de Segurança da ONU sobre o tema “Contra-terrorismo em África: um imperativo para a paz, segurança e desenvolvimento”, Amina Mohammed afirmou que terroristas e extremistas violentos – incluindo do Daesh (acrónimo em árabe do Estado Islâmico) e da Al-Qaida e seus afiliados – , exploraram a instabilidade da região para aumentar as suas atividades e intensificar os ataques em todo o continente.
“A situação no Sahel e na África Ocidental é particularmente urgente, com alguns dos afiliados mais violentos do Daesh a operar na região. Nos últimos dois anos, esses grupos expandiram-se por grandes áreas do Sahel, aumentando a presença no Mali e penetrando ainda mais em Burkina Faso e Níger”, observou.
A diplomata nigeriana frisou que esses grupos terroristas e extremistas violentos estão a tentar mergulhar países “que emergem da guerra de volta às profundezas do conflito”.
As perturbações climáticas, que têm feito aumentar as tensões intercomunitárias e a insegurança alimentar, têm também sido exploradas pelos terroristas e outros grupos criminosos, segundo a ONU.
“E as ferramentas digitais tornam a disseminação do ódio e da desinformação mais fácil do que nunca. Em muitos casos, pode ser difícil diferenciar entre terroristas, grupos armados não estatais e redes criminosas”, alertou a secretária-geral adjunta.
Dirigindo o discurso para o diverso corpo diplomático presente na sala do Conselho de Segurança, Amina Mohammed afirmou que a disseminação do terrorismo em África não pode ser uma preocupação apenas dos Estados-membros africanos, uma vez que o “desafio é de todos nós”.
Nesse sentido, a Nova Agenda para a Paz, prevista como parte do relatório do secretário-geral, António Guterres, sobre a “Nossa Agenda Comum”, adotará uma abordagem holística e abrangente a esses problemas, segundo Amina Mohammed.
“Num contexto de crescente polarização, com divisões crescentes decorrentes da guerra na Ucrânia, a Nova Agenda para a Paz proporá maneiras de abordar riscos novos e emergentes e revitalizar o nosso sistema coletivo de paz e segurança”, disse.
A diplomata aproveitou a reunião para reforçar apelos já feitos anteriormente, como uma maior aposta na prevenção do terrorismo, a inclusão da sociedade civil, de minorias, dos jovens e do setor privado no delineamento de estratégias de combate ao terrorismo, e esforços renovados contra a violação dos direitos humanos durante conflitos.
A secretária-geral adjunta da ONU recordou ainda que prevenir e combater o terrorismo e o extremismo violento requer recursos financeiros, apelando por mais investimentos.
“A magnitude do problema exige investimentos ousados. Enfrentar esses obstáculos interligados — da privação económica, ao crime organizado e desafios de governança — requer financiamento sustentável e previsível, em escala”, reforçou.
Outro dos intervenientes neste debate foi o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, que foi mais duro no discurso, tendo afirmado que “África está farta de ouvir promessas e de nada ser feito”, e que o continente tem o direito de receber a mesma atenção e ajuda que outros países em conflito recebem.
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