“Não há cultura de risco. Em Portugal, está inerente à nossa cultura, a cultura de risco não é tida em considerarão. As pessoas sabem que estão expostas a determinados riscos, em teoria conhecem, mas pouco fazem para diminuir a sua exposição”, disse Paulo Henriques, geólogo e técnico do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPT).

Paulo Henriques falava no primeiro seminário da Semana da Proteção Civil da capital, no painel “Conversas sobre riscos urbanos”, onde dissertou sobre prevenção e autoproteção perante sismos e tsunamis.

O técnico do SMPT alertou para o facto de Lisboa ser uma cidade vulnerável a sismos, apesar de a sua recorrência ser menor do que em cidades italianas ou turcas, apresentando Portugal uma “perigosidade média”. Por isso, as populações “não pensam no risco sísmico”.

“Não vou dizer que há mais perigo hoje de termos um sismo que ontem. No entanto, na medida em que sabemos que são recorrentes, a cada dia que passa o perigo aumenta infinitamente, pois vamos estando mais distantes do último e próximos do próximo”, advertiu.

O geólogo acrescentou que, tendo em conta o comportamento dos solos, numa cartografia de referência, sabe-se que as zonas ribeirinhas e antigas ribeiras “onde há sedimentos pouco consolidados” são locais onde os efeitos dos sismos “podem ser mais gravosos, mais amplificados”.

“Se os edifícios que lá estão construídos cumprirem todas as regulamentações mais recentes, com boas fundações, podem não sofrer danos”, disse.

Para o geólogo, o essencial é “saber como agir a nível pessoal e saber até como está o edifício a nível estrutural”.

“O que temos de fazer é preocuparmo-nos e agir diariamente no melhor sentido. As medidas de autoproteção têm de ser implementadas”, disse Paulo Henriques, acrescentando que o SMPC desenvolve muitas ações diretas com as crianças, pois “são um ótimo veículo, além de serem os adultos do amanhã”.

O técnico alertou ainda para o facto “perverso” de um assunto cair no esquecimento depois de se falar muito dele, exemplificando com os avisos meteorológicos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera para as situações de agitação marítima.

“As pessoas sabem dos perigos, mas já nem ligam. Tem de se falar dando o contexto para as pessoas perceberem. Os avisos têm a sua função, as pessoas devem ser mais atentas e participativas”, sublinhou.

Paulo Henriques lembrou ainda que a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica tem vindo a tentar sensibilizar o poder político no sentido de desenvolver uma “legislação mais efetiva e eficaz de forma a haver um reforço das construções”, nomeadamente nas estruturas dos edifícios, para não existirem somente obras no sentido estético de recuperação de edifícios.

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