Numa manhã amena de inverno, o movimento na avenida onde fica a Estação dos CTT da Vila de Riba de Ave não é muito, mas as conversas dos poucos transeuntes que se fazem ouvir giram todas à volta do mesmo: o encerramento anunciado daquela estação e do fim que isso significa para a terra.

"O fecho dos CTT é a pior coisa que nos podem fazer", avisou Daniel Saldanha, reformado, em declarações à Lusa.

"Além das muitas coisas que já nos tiraram de Riba de Ave, o fecho dos CTT afeta muita gente, afeta toda a freguesia", explicou, referindo que a estação mais próxima fica a uns imprecisos “quatro ou cinco quilómetros” e a muitos euros de distância.

E acrescentou: “Não há transportes para lá. Tenho que ir de táxi ou esperar que um amigo me leve, andar sempre a mendigar".

Numa outra conversa, Rui Mendes, também reformado, apontou o dedo à falta de transportes públicos para outras áreas do concelho onde existem "ainda" estações dos CTT.

"Há transportes públicos, mas, se alguém for de transportes públicos, se vai não vem, e se vem não vai. E chegado a Famalicão, também são bichas e bichas e o táxi custa muito dinheiro.

Na roda de conversa de Daniel, a conversa continuou com o relato de constrangimentos que a medida anunciada dia 02 pelos CTT pode trazer à vila, habitantes e comerciantes.

Na vila de Riba de Ave, a estação dos CTT é mais do que um sítio para deixar ou levantar cartas, encomendas ou reformas, é um ponto de encontro, um chamariz.

"É uma estação que trazia cá muita gente e enquanto esperava, ou vinham para esta zona, entravam nos nossos estabelecimentos", descreve João Gomes, comerciante, com um espaço em frente aos CTT, falando já no passado, embora a estação ainda esteja em pleno funcionamento.

Para o comerciante, “é importante” ter ali a estação pelo volume de pessoas que leva àquela zona, “que bem precisa de gente”.

“A farmácia junto a o banco mais a estação, tudo isto faz que muita gente venha a esta zona e por influência acabam por fazer aquisições de produtos", refere.

Umas portas mais abaixo, outro dos chamarizes da rua, a farmácia e o mesmo receio.

"A avenida já tem pouco movimento, a partir de agora, com a falta dos correios, ainda mais se vai sentir a falta de público", desabafou Carlos Moreira, farmacêutico.

E apontou: "É um intercâmbio, vêm aos correios, vêm à farmácia, vêm à farmácia, vão aos correios, são parcerias que funcionam e não compreendo porque tendo fechado várias [estações dos CTT] aqui à volta e esta servindo a população que serve não se compreende”.

Caso a Estação dos CTT de Riba de Ave encerre, depois de 80 anos em funcionamento, comerciantes e habitantes da Vila preveem o mesmo futuro.

"Está a ficar uma vila deserta", alertou Carlos Moreira.

Já Daniel Saldanha vaticinou: "o comércio aqui em Riba de Ave morre. Fechando os CTT, ficamos no terceiro mundo".