"Seria sem precedentes um candidato contestar as eleições sem ter base legal para o fazer, seria não aceitar a vontade dos eleitores", disse Robert Sherman em resposta aos jornalistas que o questionaram à margem de um evento organizado pela embaixada e pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) sobre as eleições norte-americanas.
Para Sherman, a 'ameaça' de Donald Trump, hoje reiterada em declarações à estação de televisão Fox, é "linguagem retórica de campanha e independentemente de quem ganhar, o outro fará o que é melhor para os eleitores e concederá a eleição".
Trump disse que não se comprometerá em aceitar os resultados eleitorais até "ver como as coisas se vão desenrolar" e acrescentou: "Esperemos que tudo corra bem e não tenhamos de preocupar-nos com isso, isso significa, esperemos, que vamos ganhar".
Sobre o impacto de uma eventual vitória do milionário norte-americano nas relações com a Europa, o embaixador nomeado por Barack Obama disse não ver "mudança na relação" e argumentou que "o que é dito na campanha é muito diferente depois de o eleito se sentar na Sala Oval" e perceber que "o mundo é demasiado complexo para a América agir sem os aliados, e os primeiros aliados são a Europa, com quem vejo uma parceria contínua".
Caso ganhe, recomendou, Trump deve "seguir a tradição dos seus antecessores e por para trás a retórica divisiva da campanha e tornar-se um presidente mais inclusivo, e basear-se fortemente num bom grupo de conselheiros.
Na conversa com os jornalistas numa garagem de um hotel em Lisboa, transformada numa sala equipada com grandes televisões, um palco para debate e dezenas de mesas com comida típica nos Estados Unidos, como hamburgueres, donuts, wraps, cachorros-quentes, Sherman dise também que ambos os candidatos precisam de olhar para a classe média.
"Alguns podem desvalorizar o candidato Trump, mas o que não pode ser desvalorizado são os seus apoiantes; a insatisfação da classe média é o que está a refletir-se nas pessoas que votam em Trump; são os que sentem que o sonho americano está a passar ao lado e não estão a tirar vantagem disso; ambos os candidatos devem focar-se na classe média e aumentar os seus padrões", defendeu Sherman.
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