“Isto não é apenas uma questão bilateral, tem implicações também para os outros países da União Europeia (UE), para a segurança europeia”, afirmou Kirsty Hayes, numa declaração a jornalistas em Lisboa, poucas horas depois da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ter acusado no parlamento britânico a Rússia de ser a “culpada” pelo envenenamento do ex-espião Serguei Skripal e da filha Yulia.

No parlamento, May anunciou várias medidas visando a Rússia, incluindo a suspensão de contactos bilaterais de alto nível com Moscovo e a expulsão de 23 diplomatas russos do Reino Unido.

A representante diplomática do Reino Unido em Portugal frisou que foi “um ataque em que um Estado usou uma arma química proibida contra outro Estado”, lembrando que foi “a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que um agente neurotóxico foi usado de forma hostil na Europa”.

“A Rússia tem de ser responsabilizada pela violação de acordos internacionais sobre segurança e a não proliferação, principalmente a convenção contra armas químicas”, afirmou Kirsty Hayes, frisando que o recente incidente, que qualificou como “extremamente grave”, enquadra-se num “padrão de ações” por parte de um país “que tenta desmantelar a ordem internacional baseada em regras”.

Como tal, defendeu a embaixadora, “é essencial conseguir uma ação coordenada” com os Estados aliados e parceiros do Reino Unido.

“Depois do caso Litvinenko [um ex-agente secreto russo envenenado com polonium-210 e que morreu em Londres em 2006], da Crimeia, da Síria este é o exemplo mais recente de como a Rússia representa uma ameaça para os nossos interesses, para os nossos valores e para a segurança”, frisou a representante diplomática, agradecendo a solidariedade manifestada por Portugal neste caso.

Sobre o anúncio de hoje da primeira-ministra britânica, Kirsty Hayes indicou que as medidas de retaliação “robustas e apropriadas” foram tomadas após Moscovo não ter respondido a Londres dentro do prazo estipulado [até terça-feira à noite].

A Rússia nega qualquer a responsabilidade no ataque que visou Serguei Skripal e acusou hoje Londres de “ter feito a escolha da confrontação” ao impor sanções ao país.

O ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal, de 66 anos, e a sua filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes no dia 04 de março, num banco num centro comercial em Salisbury, no sul de Inglaterra.

Dias depois, o chefe da polícia antiterrorista britânica, Mark Rowley, revelou que o ex-agente duplo russo e a sua filha tinham sido vítimas de um ataque deliberado com um agente neurotóxico, um componente químico que ataca o sistema nervoso e que pode ser fatal.

Os dois têm permanecido hospitalizados, nos cuidados intensivos, em “estado crítico, mas estável”.

Também hospitalizado está um polícia, um dos primeiros a chegar ao local para socorrer o ex-espião russo e a sua filha. O elemento das forças policiais está consciente e encontra-se em “estado grave, mas estável”.

Informações vinculadas pelas autoridades britânicas referiram que as vítimas foram expostas a uma substância conhecida como Novichok, uma arma química desenvolvida pela então União Soviética no final do período da Guerra Fria.

O Conselho Segurança da ONU reúne-se hoje de urgência para abordar este caso.

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