O acordo de arrendamento relativo a estes 20 hectares de terreno ao ar livre no Alentejo foi assinado entre a Tilray Portugal, subsidiária da empresa canadiana, e o Esporão, foi hoje revelado.
“Os 20 hectares adicionais de espaço para cultivo ao ar livre aumentam a capacidade da empresa para fornecer canábis medicinal na Europa e noutros mercados internacionais”, destacou a Tilray, em comunicado.
A empresa, “pioneira mundial em pesquisa, cultivo, produção e distribuição de canábis medicinal”, possui também em Portugal cinco hectares de cultivo interior e exterior e um ‘campus’ em Cantanhede (Coimbra) destinado à produção, processamento e pesquisa.
“Com este acordo com o Esporão, ficamos com mais 20 hectares para plantação ao ar livre”, frisou à agência Lusa fonte da Tilray, revelando que a plantação “já foi feita em julho, com sucesso”, e que “a colheita deve acontecer em finais de setembro ou início de outubro”.
Segundo a Tilray, o Esporão é “uma das mais maiores e mais sofisticadas empresas agrícolas em Portugal” e vai fornecer “suporte operacional e técnico a uma equipa de especialistas” do grupo canadiano, “incluindo horticultores, produtores e gestores de qualidade”.
“Neste novo local de cultivo serão realizados o crescimento, a colheita e a secagem de materiais de canábis medicinal”, a transportar depois para Cantanhede, para “processamento, produção e distribuição em toda a Europa e outros mercados internacionais”, referiu.
Sascha Mielcarek, um dos responsáveis da Tilray na Europa, manifestou orgulho no aumento da capacidade da empresa para “produzir produtos médicos de canábis de alta qualidade na Europa, usando métodos inovadores de cultivo ao ar livre".
Contactado pela Lusa, o Esporão explicou que a sua participação neste negócio “é exclusivamente ao nível de prestação de serviços” e salientou a importância do seu ‘know-how’ (conhecimento), já que a produção da Tilray é “ao ar livre e biológica”.
“Sentimos que o conhecimento agrícola e a experiência no Alentejo do Esporão, bem como a experiência global de canábis da Tilray, têm um potencial de criação de valor a longo prazo”, frisou o Esporão.
A produção de canábis medicinal não está a ser feita na herdade principal, mas numa outra propriedade da empresa no concelho de Reguengos de Monsaraz, “arrendada pela Tilray Portugal exclusivamente para o efeito”, frisou.
“O negócio do Esporão continuará a ser exclusivamente a produção, comercialização e distribuição de vinhos e azeites”, argumentou a empresa alentejana.
A Tilray foi o primeiro produtor de canábis medicinal a importar com sucesso produtos médicos de canábis para a União Europeia e o primeiro produtor licenciado de canábis medicinal na América do Norte a obter a certificação GMP de acordo com as normas da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
A fábrica de Cantanhede é a primeira em território nacional de produção de canábis medicinal, devendo assegurar 200 postos de trabalho até ao final do ano. Representa um investimento total de 20 milhões de euros.
O projeto da Tilray, cujo investimento a empresa se escusou a revelar, é o terceiro de produção de canábis medicinal a ser divulgado oficialmente para o Alentejo, estando anunciado um para Aljustrel (Beja), da empresa RPK Biopharma, da sociedade canadiana Flowr, e previsto outro para Campo Maior (Portalegre), da empresa Sababa Portugal.
Comentários