Um empresário de nacionalidade chinesa, de 24 anos, a sua mulher, três portugueses e uma sociedade são acusados pelo Ministério Público de um incêndio num prédio no Porto que matou uma pessoa e desalojou outras. Mesmo depois de preso, o principal arguido conseguiu vender o imóvel da Rua Alexandre Braga, avança esta quinta-feira, 9 de janeiro, o Jornal de Notícias.

Segundo o diário, o empresário lucrou 555 mil euros com a venda do imóvel e terá tentado enviar este dinheiro para a China. No entanto, o Millennium BCP comunicou ao Ministério Público suspeitas de branqueamento de capitais e os movimentos bancários foram suspensos e o valor apreendido.

O empresário, Chenglong Li, está em prisão preventiva desde junho, mas passou uma procuração à esposa para proceder à venda do imóvel. O prédio foi comprado em 2016 por 645 mil euros e vendido por 1,2 milhões de euros.

Ainda segundo o mesmo jornal, o empresário terá tentado forçar a saída dos inquilinos, chegando a enviar pessoas para intimidar os mesmos.

O empresário tinha celebrado um contrato de compra e venda, que o obrigava a entregar o imóvel vazio até 31 de maio de 2019, mas uma das frações, no 3.º andar, estava ainda ocupada por uma mulher de 88 anos e filhos, detentores de um contrato de arrendamento de duração ilimitada.

Ora, diz a acusação do DIAP, “o não cumprimento deste contrato e a não entrega do prédio livre de pessoas e bens implicaria, para o empresário chinês e para a sociedade que representava, “um prejuízo de pelo menos 320 mil euros, tendo em conta o valor do sinal”.

Daí que o empresário tenha avançado para negociações com os inquilinos, que se goraram, e depois com a contratação de pessoas ligadas à noite do Porto para, “através da intimidação e ameaça”, os obrigar a procurar outro alojamento.

“Vocês vão sair a bem ou mal”, terão ameaçado, citados na acusação.

Em 23 de fevereiro de 2019, “na execução do planeado” pelo empresário e os seus contratados, foi ateado o primeiro fogo ao prédio, que “teve uma fraca evolução (…) por motivos alheios à vontade dos arguidos”.

Em 02 de março seguinte, o empresário chinês mandou “atear outro fogo ao edifício e matar os seus ocupantes”.

“Os pontos de início do incêndio localizaram-se junto à porta de acesso ao 3.º piso, o único habitado", descreve o DIAP.

Os bombeiros resgataram três dos ofendidos, incluindo a octogenária, mas um outro foi encontrado um dia depois, carbonizado, nas águas-furtadas do prédio.

O empresário chinês, principal protagonista deste caso, “estava determinado em desocupar o imóvel pelo fogo e pela morte dos seus habitantes para a obtenção de um maior enriquecimento”, conclui o despacho do DIAP.

O Jornal de Notícias, que sintetiza hoje a acusação, refere que o empresário chinês chegou a oferecer 10 mil, 15 mil e até 40 mil euros à família da octogenária que se matinha no prédio há 50 anos e que pagava uma renda mensal de 53,28 euros.

(Notícia atualizada às 12:21 com detalhes da acusação)

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