“As empresas de trabalho portuário de Lisboa enfrentam dificuldades financeiras que não lhes permitem corresponder à pretensões do sindicato nem proceder ao pagamento atempado dos salários”, disse o presidente da A-ETPL, Diogo Marecos, do grupo Yilport, que sublinhou o facto de o Porto de Lisboa estar a perder cargas devido a sucessivas greves convocadas pelo SEAL, Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística.

Diogo Marecos falava à agência Lusa na sequência de uma denúncia do SEAL face aos sucessivos atrasos no pagamento de salários aos estivadores do Porto de Lisboa por parte da A-ETPL.

A denúncia do sindicato surgiu após a divulgação de um comunicado interno da A-ETPL, em que esta associação admitia que, de imediato, não poderia pagar mais do que 390 euros aos estivadores, naquele que será o primeiro pagamento (parcial) de salários relativo a este ano de 2020.

“A empresa não tem faturação suficiente para pagar os salários e, com a greve que terá início a 19 de fevereiro, a situação irá agravar-se e os salários vão continuar em atraso”, justificou Diogo Marecos, advertindo que a greve não vai ajudar a resolver o problema.

“Esta greve de três semanas, que abrange quatro de sete empresas, incluindo a Liscont, que mais mão-obra utiliza, vai agravar ainda mais a situação financeira da A-ETPL”, frisou.

Confrontado com a reivindicação do sindicato, que considera necessária uma atualização do custo do trabalho de estiva pago pelas empresas de estiva às empresas de trabalho portuário da A-ETPL – que é o mesmo desde há 27 anos – , Diogo Marecos lembrou que os outros portos nacionais também não aumentam aquele valor há muitos anos e considerou tratar-se de uma exigência impossível de aceitar, face à situação financeira das empresas de estiva do Porto de Lisboa.

“Se o preço da mão-de-obra aumentasse, o Porto de Lisboa, que teve 123 pré-avisos de greve entre 2008 e 2018 e já é o mais caro do país, perderia competitividade em relação a outros portos. O custo da mão-de-obra é refletido no cliente final e o que aconteceria é que os próprios armadores, que neste momento já pagam valores muito acima do habitual, veriam a fatura agravada e teriam mais um motivo para saírem do Porto de Lisboa”, argumentou.

Diogo Marecos referiu ainda que, “os operadores portuários, por muita pressão do sindicato, e pensando que iriam ter um período de estabilidade laboral durante vários anos, procederam à integração de mais 31 trabalhadores nos seus quadros de pessoal em 2016 e 2017″.

“Mas, ao contrário do que esperavam, houve um período de instabilidade laboral que levou a greves consecutivas durante vários meses, com graves consequências na faturação da A-ETPL e para o porto de Lisboa, que “nos últimos anos passou do primeiro para o terceiro lugar a nível nacional, depois dos portos de Sines e Leixões”, concluiu o presidente da A-ETPL.