Referindo que a ministra Marta Temido garantiu que as negociações com os enfermeiros serão retomadas, Carlos Ramalho disse que "é isso que os enfermeiros pretendem".

"Agora vou partir para as negociações de boa fé, mas com certeza que a luta vai continuar", disse o dirigente sindical, admitindo a marcação de novas iniciativas e lembrando que se mantém a atual greve de enfermeiros até 28 de fevereiro.

Carlos Ramalho esteve em greve de fome em frente à residência oficial do Presidente da República.

O Ministério da Saúde anunciou hoje que o Governo prevê retomar até aos primeiros dias de março reuniões negociais com as estruturas sindicais dos enfermeiros, para discutir questões como "a organização do tempo de trabalho e a avaliação de desempenho”.

Entretanto, Marta Temido disse também hoje que no início da próxima semana espera ter um novo planeamento para dar resposta às cirurgias adiadas no primeiro e segundo período de greve dos enfermeiros.

“No primeiro período de greve tinham sido adiadas cerca de 7.500 cirurgias, das quais metade tinham sido realizadas até meados de janeiro, outras foram agendadas para final de fevereiro e tínhamos ainda o mês de março para responder a essas cirurgias que não tinham sido realizadas”, disse a ministra à margem de uma reunião, no Porto, com as entidades envolvidas no processo de construção da ala pediátrica do Hospital de São João.

A segunda 'greve cirúrgica' dos enfermeiros - a primeira decorreu entre novembro e dezembro de 2018 - que decorre desde 31 de janeiro levou ao adiamento de 5.031 cirurgias até ao dia 19 de fevereiro nos dez hospitais abrangidos pela paralisação, segundo um balanço do Ministério da Saúde.

Um dos dois sindicatos que a convocaram, a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), pediu a suspensão da greve depois de um parecer da Procuradoria-Geral da República que considerou a primeira paralisação ilícita, permitindo ao Governo ordenar a marcação de faltas injustificadas, mas o Sindepor decidiu mantê-la.

Na sequência da requisição civil decretada a 07 de fevereiro pelo Governo em quatro dos centros hospitalares abrangidos pela greve dos enfermeiros, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos, o Sindepor avançou com uma intimação no Supremo Tribunal Administrativo, que aguarda decisão.