“Ainda é relativamente cedo para fazermos um balanço das colocações totais, porque apesar de existirem vários cursos com zero candidatos, sendo a maioria deles nos politécnicos, aquilo que temos que aguardar é pelas colocações dos concursos especiais que estão neste momento a decorrer. Muitos desses cursos que têm zero colocados após as duas primeiras fases já têm um número relativamente elevado de estudantes matriculados e que vão permitir o seu funcionamento neste ano letivo”, disse à Lusa o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Pedro Dominguinhos.
Esses estudantes já matriculados são, por exemplo, estudantes internacionais, mas também candidatos a concursos locais e regimes especiais de acesso, precisou o responsável, num comentário aos resultados das colocações no ensino superior público na segunda fase do concurso nacional de acesso, hoje divulgados.
Considerou “extremamente positivo” que haja mais colocados do que no anterior e menos vagas a concurso, assim como o facto de os politécnicos já terem nesta fase preenchido um número superior de vagas em comparação com o ano passado.
Reconheceu, no entanto, que as instituições têm tido necessidade de reavaliar anualmente a oferta, o que tem levado a encerramentos de três a quatro cursos por ano nos politécnicos, seja porque não conseguem cumprir os rácios impostos pela tutela que obriga a um número mínimo de 10 matriculados, seja porque as próprias instituições tomam a iniciativa de os encerrar, numa avaliação da procura, ou para permitir abrir vagas noutros cursos mais procurados.
“As instituições têm tido a preocupação de olhar para a sua oferta formativa e como é óbvio fazem uma análise, porque esta oferta formativa também tem sido dinâmica, sobre os cursos que deverão continuar ou não a oferecer e estou convencido que as próprias instituições farão uma reflexão aprofundada a esse nível”, disse Pedro Dominguinhos.
Os cursos na área agrária ou de engenharia civil têm sido os mais afetados por essa reavaliação dos institutos, adiantou o presidente do CCISP.
Os dados hoje divulgados mostram que sobraram ainda vagas em 264 cursos, maioritariamente institutos politécnicos e cursos de engenharia e que há ainda 38 cursos com vagas em aberto para a segunda fase sem qualquer aluno colocado.
Cerca de metade dos candidatos à segunda fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior ficou de fora das universidades e politécnicos públicos, onde foram agora colocados 9.274 estudantes, segundo dados oficiais hoje divulgados.
De acordo com a informação disponibilizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), dos 18.195 estudantes que se candidataram na segunda fase do Concurso Nacional de Acesso (CNA) ao ensino superior, apenas cerca de metade (9.274 estudantes) conseguiu ficar colocado numa das 11.615 vagas levadas a concurso.
A estas mais de 11 mil vagas acresceram, adiantou o MCTES, “2.119 vagas libertadas por candidatos colocados e matriculados na primeira fase que foram agora colocados na segunda fase”.
A tutela revelou ainda que nesta fase foram colocados 4.789 estudantes nos politécnicos e 4.485 no ensino universitário.
Na segunda fase ficaram por preencher 4.583 vagas, “menos 14% que em 2018, que podem ser agora disponibilizadas para a terceira fase do CNA ou reverter para os concursos especiais” e para os concursos de mudança de curso.
O MCTES refere que até agora já entraram no ensino superior público “46.721 novos estudantes, o que representa um aumento de 1,4% face a idêntico momento no ano anterior” e lembra que na primeira fase do CNA tinha sido colocados 44.500 estudantes, “dos quais se matricularam 39.566, correspondentes a 88,9% dos colocados.
“A colocação de estudantes nesta segunda fase confirma as estimativas de ingresso no ensino superior público, que apontam para cerca de 77 mil novos estudantes em 2019-2020 quando consideradas todas as vias de ingresso”, declara o MCTES em comunicado.
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