"Em causa está um acumular de situações que Seguro Sanches considera inaceitáveis. Desde a pressão dos partidos da oposição e do próprio PS para alterar a agenda dos trabalhos, até à alegada tentativa da oposição de atrasar o calendário e a conclusão do inquérito", lia-se na peça da SIC Notícias, que informou desta decisão esta tarde.
Surpreendente esta decisão?
Para quem tem acompanhado o processo, não. Jorge Seguro Sanches já tinha deixado esta possibilidade em cima da mesa, na última terça-feira.
O agora ex-presidente da Comissão ausentou-se dos trabalhos, durante a sessão de terça-feira, antes da audição de Humberto Pedrosa, antigo acionista da TAP, de modo a refletir sobre a sua continuidade à frente da comissão de inquérito.
"O que eu sinto, com exceção dos senhores deputados que tiveram a amabilidade de partilhar comigo a confiança, não tive nos outros, os consensos necessários para o bom trabalho da comissão, a forma como foi questionado, de uma forma até deselegante, o meu papel no cumprimento do mandato da comissão, leva-me a questionar se continuo a ter as melhores condições para o fazer e entendo que essa reflexão que urge fazer", tinha revelado anteriormente Jorge Seguro Sanches.
Quem ficou surpreendido?
Aparentemente, Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, que revelou, inicialmente, não ter recebido qualquer comunicação sobre a demissão de Jorge Seguro Sanches.
"Não recebi ainda nenhum pedido de demissão que me deve ser apresentado. Se e quando vier e receber, pedirei ao partido que tem o direito, que está na sua vez, de designar o presidente da comissão que faça essa proposta”, limitou-se a dizer Santos Silva aos jornalistas no final da conferência de líderes desta quarta-feira.
Quem se segue?
O deputado socialista António Lacerda Sales vai assumir a presidência da comissão de inquérito à TAP, após a renúncia de Jorge Seguro Sanches, anunciou hoje o Grupo Parlamentar do PS.
Numa nota distribuída no parlamento é referido que Jorge Seguro Sanches tomou a decisão de “renunciar à presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP”.
"O Grupo Parlamentar do PS vai indicar ao Senhor Presidente da Assembleia da República o nome do Senhor Deputado António Lacerda Sales para presidir à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, agradecendo desde já o sentido de serviço e de missão com que aceitou este desafio que agora lhe é proposto", refere o PS na mesma nota.
E quais as reações a esta saída?
PSD e Chega acusaram o PS de querer obstaculizar a comissão de inquérito à TAP face às notícias da demissão de Seguro Sanches, com André Ventura a pedir uma investigação sobre as razões da saída do presidente.
O presidente da bancada do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, considerou que “nas últimas semanas, houve uma tentativa do PS de desvalorizar, desprestigiar” a comissão de inquérito à TAP e “obstaculizar o seu trabalho”.
Sobre o mesmo tema, o presidente do Chega, André Ventura, referiu igualmente as notícias sobre a saída de Seguro Sanches, “após pressões de vários partidos, incluindo o seu próprio”.
“Isto mostra bem como é evidente que o Governo e o PS estão a tentar condicionar este dossiê, procurando encurtá-lo”, acusou.
*Com Lusa
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