Aquele número equivale a 40% da população do país asiático, que é o mais populoso do mundo.
Citado pela imprensa local, o epidemiologista Zeng Guang, membro do Painel de Especialistas de Alto Nível da Comissão Nacional de Saúde do país asiático, considerou aquela estimativa “razoável”, já que a maioria das cidades chinesas relatou que pelo menos 50% da sua população testou positivo para o vírus ao longo das últimas semanas.
Zeng admitiu que a velocidade de transmissão do vírus na China foi mais rápida do que o esperado, com 80% da população de Pequim a ter sido infetada no espaço de um mês. Em Xangai, a “capital” económica da China, aquele valor ascende a cerca de 70%, afirmou.
As duas principais cidades da China têm mais de 20 milhões de habitantes.
O responsável acrescentou que mais de 600 milhões de pessoas no país terão sido infetadas até 29 de dezembro.
No início do mês passado, a China aboliu a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou no país ao longo de quase três anos, resultando numa rápida propagação do vírus, face à ausência de imunidade natural na população.
À medida que a China parou de fazer qualquer rastreamento significativo do desenvolvimento dos surtos no país, os dados oficiais passaram a estar desfasados da realidade no terreno. As imagens de crematórios e serviços de urgências a abarrotar sugerem, no entanto, que o país atravessa uma grave crise de saúde pública.
Os especialistas chineses estimaram que a China tem atualmente cerca de cinco milhões de pacientes em estado grave. A empresa britânica Airfinity, que analisa dados do setor da saúde, apontou que a China está atualmente a sofrer cerca de 9.000 mortes por dia causadas pela doença.
Cao Yunlong, bioquímico e professor assistente na Universidade de Pequim, disse que a letalidade das diferentes linhagens da variante Ómicron foi subestimada na China. E observou que, apesar de a linhagem BA.1 da Ómicron ser mais ligeira do que a variante Delta, a versão BA.5, que é a mais prolífica na China, recuperou o nível de patogenicidade.
Liang Wannian, epidemiologista chinês e ex-líder da equipa da Comissão Nacional de Saúde responsável pelo combate contra o coronavírus, considerou que é muito difícil calcular a taxa de mortalidade dos surtos atuais, que continuam a alastrar-se rapidamente. Liang disse que só no fim vai ser possível obter um número mais preciso.
Um documento interno do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças estimou que cerca de 248 milhões de pessoas foram infetadas pelo coronavírus entre 01 e 20 de dezembro.
Zhang Wenhong, chefe da Divisão de Doenças Infecciosas do Hospital Huashan de Xangai, disse que cerca de 80% dos 1,4 mil milhões de habitantes da China vão ficar infetados até 22 de janeiro, o primeiro dia do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas.
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