“Esta medida não deixou dúvidas de que Israel é o Estado mais sionista, mais fascista e mais racista do mundo”, disse Erdogan num discurso para o seu grupo parlamentar, em Ancara, enquanto os deputados gritavam “Maldito seja Israel”.

“O espírito de Hitler que levou o mundo a uma grande catástrofe voltou a florescer entre alguns líderes israelitas”, afirmou Erdogan.

“Eu apelo ao mundo muçulmano, à comunidade cristã, a todos os países, organizações, organizações não-governamentais, jornalistas democráticos e defensores da liberdade em todo o mundo para passarem à ação contra Israel”, acrescentou.

Uma lei adotada na última quinta-feira pelo Parlamento israelita determina “o Estado de Israel como o Estado nacional do povo judeu, onde se aplica o seu direito natural, cultural, religioso e histórico”, afirmando que “o direito de exercer a autodeterminação dentro do Estado de Israel é reservado exclusivamente ao povo judeu”.

Na resposta, Netanyahu disse que “Erdogan massacra sírios e curdos e prende dezenas de milhares de turcos (…)”.

“Sob o seu poder, a Turquia está a tornar-se uma ditadura sombria”, sublinhou Netanyahu num comunicado.

“Israel defende consistentemente a igualdade de direitos de todos os cidadãos antes e depois da aprovação desta lei”, acrescentou.

O Governo turco já havia criticado a lei na semana passada, acusando as autoridades israelitas de tentarem estabelecer um “estado de apartheid”.

As declarações de Erdogan acontecem num clima de tensão entre Israel e a Turquia, que regularmente critica a política israelita em relação a palestinianos ou locais de culto muçulmano em Jerusalém.

Um sinal do péssimo estado das relações entre os dois países aconteceu em maio, quando Ancara convocou o embaixador de Israel na Turquia a deixar o país provisoriamente.

Esta decisão foi tomada após a morte, três dias antes, de mais de 60 palestinianos, mortos por soldados israelitas na fronteira com a Faixa de Gaza e durante os protestos contra a transferência da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém.

O Presidente turco, defensor ferrenho da causa palestiniana, acusou Israel de “terrorismo de Estado” e “genocídio”.

Essa turbulência diplomática ameaça minar a frágil normalização das relações entre os dois países, conseguida após uma grave crise provocada por um ataque israelita a um navio de uma organização não-governamental turca que se dirigia à Faixa de Gaza em 2010.