“Lutaremos contra as tendências pervertidas, como os LGBT, que ameaçam a família”, declarou o chefe de Estado turco numa entrevista à televisão pública TRT, emitida esta madrugada.

Erdogan apontou como defensores da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) tanto o principal partido da oposição, o social-democrata CHP, como o terceiro maior partido com assento parlamentar, o esquerdista e pró-curdo HDP, que descreveu apenas como “o braço político do PKK”, Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que alguns países, entre os quais os Estados Unidos e a Turquia, incluíram nas suas listas de organizações terroristas.

Sublinhou também que os partidos conservadores que se aliaram ao social-democrata CHP para as eleições, especialmente o nacionalista IYI, também não se pronunciaram contra essa política.

“Até hoje, ninguém se levantou para dizer ‘Somos contra os LGBT’. E o que quer isso dizer? Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, concluiu o Presidente turco, candidato à reeleição em maio.

O esquerdista Partido dos Trabalhadores (TIP), que formou uma coligação com o HDP, incluiu nas suas listas três candidatos transexuais, embora seja pouco provável que cheguem ao hemiciclo.

Já anteriormente, vários partidos, entre os quais o CHP, tiveram transexuais entre os seus governantes locais ou como pré-candidatos; não há, no entanto, políticos turcos que se tenham assumido publicamente como homossexuais.

A homossexualidade é legal na Turquia desde 1858, embora rejeitada por largos setores da sociedade, e entre 2003 e 2014 realizou-se anualmente em Istambul uma Marcha do Orgulho Gay, depois proibida quando Erdogan adotou posições mais islamistas.

Contudo, tanto em 2016 como no ano passado, o chefe de Estado turco convidou para os seus jantares oficiais de fim do jejum do Ramadão a famosa cantora e atriz transexual Bülent Ersoy, que declarou o seu total apoio ao Presidente.

Nas eleições legislativas e presidenciais de 14 de maio, o Presidente Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2003, confronta-se com um candidato apoiado por seis forças da oposição, e as sondagens admitem a derrota do também líder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islamita-conservador) que domina o parlamento de Ancara.