Centenas de polícias estiveram concentrados na segunda-feira à noite no Capitólio, em Lisboa, onde decorreu o frente a frente televisivo entre Pedro Nuno Santos (PS) e Luís Montenegro (PSD), num protesto espontâneo que não estava autorizado.

Várias personalidades que estiveram no local para antecipar ou acompanhar o debate revelaram ao Diário de Notícias terem sido ameaçadas ou insultadas por elementos que se encontravam em protesto.

O comentador Pedro Marques Lopes, por exemplo, teve de furar entre os manifestantes e chegou a levar com o som de uma vuvuzela no ouvido, sendo sujeito também a insultos como "és uma vergonha, filho da puta”. Já José Eduardo Martins, ex-deputado do PSD e comentador foi também alvo de impropérios quando avançou pela multidão. “A sensação era a de que estava no meio de uma manifestação de motards, de Hell’s Angels. Se não me tivessem dito que eram polícias, eu confesso que não adivinhava”, afirmou ao diário.

A deputada Isabel Moreira fala em "sensação de sequestro" ao tentar abandonar as imediações do Capitólio. “Não me passa pela cabeça, num Estado de Direito, que seja um problema passar por um muro de polícias”, afirmou ao jornal.

Vários outros jornalistas e comentadores que pediram para não ser identificados queixam-se também de ter sido alvo "de insultos, provocações e tentativas de intimidação, enquanto tentavam sair do Parque Mayer", escreve o DN.

Após o término do debate foi aberto um corredor onde os dois intervenientes puderam passar de carro sem grandes dificuldades, mas este episódio motivou o diretor nacional da PSP a determinar a realização de um inquérito interno sobre as circunstâncias do protesto. Já antes, a Direção Nacional da PSP tinha anunciado o envio de uma participação ao Ministério Público (MP) para averiguação sobre aquela ação.

Em causa está o facto deste protesto espontâneo não ter sido autorizado para junto do Teatro Capitólio, mas sim para a Praça do Comércio. O PS na Câmara de Lisboa quer que o presidente, Carlos Moedas (PSD), apresente queixa ao Ministério Público sobre esta concentração de polícias.

No rescaldo desta ação, a plataforma que junta sindicatos da PSP e associações da GNR anunciou o adiamento do encontro nacional previsto para 2 de março para depois das legislativas. No entanto, enalteceu também aquilo que diz ter sido a “forma pacífica” como decorreu a concentração espontânea junto ao Capitólio.

Sobre esta iniciativa, a plataforma sublinhou que, apesar de não ter sido organizada, deve ser enaltecida “a forma pacífica como decorreu a deslocação, sem qualquer registo de episódios que possam manchar a imagem e profissionalismo dos seus participantes, que, mais uma vez, fizeram-se ouvir com sobriedade e elevação”.

Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.