O Parque Tejo é a a nova casa do Rock in Rio 2024 (RiR), um evento que vai muito para além da música desde que nasceu no Brasil em 1984, e aterrou na Bela Vista, em Lisboa, em 2001. Em 2024 cumpre 20 anos e 10 edições em Portugal.Este é também o ano da 4.ª edição Rock in Rio Academy e desengane-se quem pensar que se trata de um “concerto” ou de uma ação de âmbito social a decorrer em paralelo.

É, antes, uma formação para gestores, líderes e executivos que podem aprender com a gestão do evento - uma gestão “fora da caixa” e nem sempre de plano retilíneos.

Longe de ser uma formação convencional a decorrer no coração na Cidade Rock, o propósito é mostrar ao longo de 12 horas os bastidores de um dos maiores festivais de música e entretenimento do mundo e contar a história de 40 anos, através da voz dos protagonistas.

Partilhar valores e modelo de organização do Rock in Rio

Agatha Arêas, fundadora da Provoke Edutainment Club, é a cabeça por detrás das quatro edições (2016, 2018, 2022 e 2024) desta formação imersiva e experiencial.

“A Academy é a oportunidade da marca (Rock in Rio) partilhar valores, modelo de negócio e especialmente a sua cultura organizacional”, resumiu em conversa com o SAPO 24.

“Dirige-se a gestores, empresários e empreendedores, freelancers, financeiros, pessoas ligadas à comunicação e é aplicável e replicável não só na organização de eventos, mas também em todas as indústrias, porque o Rock in Rio é sobretudo uma grande marca e uma grande empresa que tem várias áreas”, caracterizou.

“Quem vem aqui não sai só inspirado, mas também com um pack de ferramentas para aplicar no seu negócio”, antecipa a presidente e fundadora da Provoke Edutainment Club que espera trespassar “o toque de inspiração e cultura do Rock in Rio que se movimenta no sonhar e fazer acontecer”.

O Doutor Finanças é um dos parceiros da 4.º edição. “É o primeiro ano em que agregamos as duas marcas no ano em que celebramos 10 anos, 10 edições do Rock in Rio em Portugal e 40 anos no mundo”, enumerou Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças.

“Vamos dar música às finanças pessoais dos portugueses”, afirma de forma metafórica, prometendo procurar “interagir com as pessoas” e “ajudar a elevar Portugal em termos de literacia financeira, um problema gigante no nosso país”, revelou.

“Não é só dar música, é partilhar experiências, desafios e desacertos”

Muito networking, conhecimento partilhado, palestras, 15 speakers convidados, lista onde cabe Roberto Medina (fundador do Rock in Rio), Luís Justo (CEO do Rock in Rio) e Alexandre Real (partner da Sfori).

Para além da troca de experiências e conhecimento, há espaço ao longo do dia para os participantes mergulharem “no acesso aos camarins, na roda gigante e no slide, é a parte divertida”, afirma, a sorrir, Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio.

Porque não é só o sucesso das notas musicais e a espetacularidade de luzes que se pretende partilhar, na Rock in Rio Academy os erros também entram no sumário. O levantar do pano atrás do qual se esconde a Cidade do Rock não se limita a mostrar o lado cor-de-rosa.

Roberta Medina partilha na visita aos bastidores um passo em falso da organização.

“Aquando da entrada em Portugal (2004) não sabia da existência do IVA. Não sabia que tinha esse negócio. No final do festival descobrimos o IVA. Foi o tamanho do prejuízo. É preciso contar estas vergonhas”, confessa hoje, depois de duas décadas de aprendizagem.

Os desafios da mudança de local da Bela Vista, uma casa onde esteve 20 anos para o Parque Tejo, terrenos abertos pela Jornada Mundial da Juventude, é tambémum dos temas a abordar, antecipou Roberta Medina.

“Relacionámo-nos com cinco Juntas de Freguesia e duas cidades (Lisboa e Loures). É complexo, mas a vida é assim”, comparou.

“O propósito é ter um território de troca. Não é só dar música, é partilhar experiências, desafios e desacertos, a metodologia, o pensamento como estruturar algo desta dimensão com a riqueza deste ecossistema que é um espelho da sociedade como negócio, o seu funcionamento e o que temos de melhor enquanto seres humanos”, disse Roberta Medina ao SAPO24, à margem da apresentação da 4.º edição da Rock in Rio Academy.

“O que se passa nos bastidores, fica no Roxinho”

“O mundo de entretenimento gera curiosidade, mas, no final, é um negócio como outro qualquer”, assegurou.

“Foi para isso que Academy nasceu, mesmo uma iniciativa destas tão contagiante que tem os desafios profundos, o planeamento, as relações com os stakeholders, setor público e privado, em suma, o que cada empresa vive”, descreveu.

Nesta viagem aos bastidores e à história, Roberta Medina deteve-se numa breve explicação de uma frase que salta dos placares: “What happens um backstage stays in Roxinho”, leia-se em português, “O que se passa nos bastidores, fica no Roxinho”.  

“Há um mês resolvi perguntar o que era este lugar de uma das nossas áreas de produção. No Brasil, numa das duas estruturas de produção, a área criativa decorou o espaço de roxo. E referíamos ao espaço: a reunião é no roxinho”, confidenciou. “E a nossa casa virou roxinho com este nível de profundidade”, gracejou.

“Como diz a Agatha a ideia boa e autêntica, aceitamos, não importa de quem e é isso que faz a riqueza de troca de criação do produto”, sentenciou.

“O modelo é idêntico há 40 anos e altamente desafiador. A ideia é o mais importante e tudo se organiza para a ideia funcionar. Não começa no negócio, começa na ideia”, finalizou Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio.