“Basicamente é um ‘kit’ de deteção do cancro da mama a partir de um esfregaço de impressão digital, um rastreio não invasivo, fácil de transportar e de realizar, e a ideia, por ser uma técnica tão fácil, é fazer chegar o ‘kit’ a um número máximo de mulheres para que o rastreio do cancro da mama possa ser mais precoce”, disse hoje à Lusa a professora Marta Azevedo, que incentivou os alunos a participarem no concurso que contou com cerca de dois mil projetos concorrentes.
Organizado pela Fundação La Caixa, no âmbito do programa “The Challenge24” e direcionado a alunos do ensino secundário de Portugal e Espanha, o concurso contou este ano com dois mil projetos, dos quais 100 foram selecionados para o ‘campus’ de Barcelona, e 17 (15 espanhóis e dois portugueses) foram os vencedores nas diversas secções propostas, com os alunos do Entroncamento, no distrito de Santarém, a serem contemplados com uma viagem formativa aos Estados Unidos.
“Eu já conhecia o potencial dos meus alunos e então lancei este desafio, entre outros, sendo que este projeto, em concreto, foi muito curioso, atendendo a que é um ‘kit’ de deteção do cancro da mama e eram quatro rapazes que estavam por detrás desta ideia, uma equipa um pouco improvável para um projeto deste género”, notou a professora.
Mas, “as vivências pessoais, as questões existenciais e a procura de respostas” aguçam o engenho, em caso de necessidade, como foi o caso, salientou.
A ideia, contou a professora de Biologia, “veio de um dos rapazes porque a sua mãe foi diagnosticada com cancro da mama e no meio desta procura, desta irritação do porquê eu, porquê a minha mãe, porquê só agora, porque não foi detetado há mais tempo, na sua tentativa de dar resposta a estas perguntas todas que lhe foram surgindo, tropeçou num estudo que havia sido feito, mas não aplicado”.
A partir daí, os quatro jovens apresentaram a ideia, e, depois de validada por Marta Azevedo, encetaram estudos científicos e formas de conceber e estruturar o ‘kit’, que foi designado, em forma empresarial, por “Prints for Pink”.
O ‘kit’ criado pelos alunos do 12.º ano utiliza uma zaragatoa de impressões digitais para análise molecular, sendo de fácil transporte e utilização, não invasivo, isento de radiação e acessível, podendo ser implementado em unidades de saúde, Organizações Não Governamentais ou farmácias, aumentando significativamente a capacidade de rastreio.
“É uma ideia genial, um projeto de mulher para mulheres, mas feito por quatro homens que, como eles dizem, são quatro filhos”, destacou Marta Azevedo, acrescentando que os quatro alunos - Afonso Fazendeiro, Afonso Ferreira, Gonçalo Falcão e João Pedro Matos – estão agora empenhados em angariar apoios para materializar o ‘kit’ de deteção precoce que pode salvar vidas em todo o mundo.
A iniciativa da Fundação La Caixa tem como objetivo “impulsionar o talento jovem, transformando os alunos em verdadeiros ‘worldshakers’, num concurso anual em que diversas equipas de alunos do secundário desenvolvem projetos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A equipa do Entroncamento, e uma equipa da Escola Secundária da Maia, com um projeto sobre enzimas, viajaram até Nova Iorque para um encontro com representantes das Nações Unidas, onde apresentaram os seus projetos, a par de ações formativas nos centros de investigação cientifica das universidades de Harvard e Yale.
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