Na quarta-feira, vários barcos foram colocados na fonte da Alameda, com mensagens como “Sem Manifestação de Interesse, Escravatura Moderna”, para protestar contra a freguesia de Arroios, que “se recusou a emitir atestados de residência a imigrantes extracomunitários, travando o acesso a direitos fundamentais”, disse fonte do coletivo artístico-ativista.
Ativo desde 2011, o coletivo tem trabalhado “com diferentes temáticas nos últimos anos como gentrificação, ecologia, transfeminismos, colonialismo e conflitos associados à cidade”.
Agora foi a vez de abordar as alterações da lei de estrangeiros, aprovada no início de junho e que impede a regularização de um cidadão estrangeiro que tenha chegado com visto de turista, um mecanismo que dantes era assegurado pela figura de manifestação de interesse.
Esta ação de protesto “vai continuar nos próximos dias em mais fontes de Lisboa”, principalmente no “eixo urbano Alameda - Martim Moniz", em Arroios, "a freguesia com maior população imigrante no centro da cidade”, acrescentou a mesma fonte.
“Não é por fazer as pessoas ilegais que a migração vai parar”, refere um dos elementos do coletivo, que prefere não identificar nenhum dos seus membros.
“Parece incrível isto acontecer num país como Portugal, com 20% de pessoas nascidas cá que vão para fora, como emigrantes”, acrescentou.
Os barcos à vela utilizam os “desenhos originais dos navios negreiros portugueses” e o projeto inclui ainda a afixação de cartazes para sensibilizar a população.
"Portugal tem a responsabilidade histórica de ter iniciado o tráfico transatlântico de escravos, o maior deslocamento forçado de pessoas a longa distância na história, mais de 12,5 milhões de pessoas aprisionadas no continente africano e forçadas a trabalhar no outro lado do oceano”, recorda o coletivo.
Agora, “com o fim da manifestação de interesse, o Governo Português legitima e suporta novamente a escravatura moderna”, acrescenta.
O vídeo da primeira iniciativa está disponível aqui ou no endereço online do coletivo.
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