“A decisão tem a ver com os acontecimentos recentes, com a questão da censura, com o facto de que o próprio conselho parece não ter julgado prioritário reunir-se por uma coisa destas. Não estou lá a fazer nada porque o que a mim parece essencial, não parece essencial ao Conselho. Há aqui uma dessemelhança de conceções do mundo”, referiu, em declarações à agência Lusa, Regina Guimarães.
No dia 03 de fevereiro, Regina Guimarães acusou a direção do Teatro Municipal do Porto (TMP) de ter censurado um texto da sua autoria no qual criticava a noção de cidade líquida de Paulo Cunha e Silva, ex-vereador que morreu em 2015.
O texto foi escrito para integrar a folha de sala - que não chegou a existir - do espetáculo TURISMO, da Companhia A Turma, com texto original e encenação de Tiago Correia que subiu ao palco nos dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro no Teatro do Campo Alegre, no Porto.
Posteriormente, a 10 de fevereiro, o presidente da Câmara do Porto reiterou a sua total confiança no diretor do TMP, que tinha sido acusado de censurar o texto de Regina Guimarães, sublinhando que sempre entendeu que o texto devia ter sido publicado.
O voto de confiança de Rui Moreira, que acumula o pelouro da Cultura desde que Paulo Cunha e Silva morreu em 2015, foi anunciado no início de uma reunião de executivo municipal, depois de um encontro informal e privado onde foi ouvido o diretor do TMP, Tiago Guedes.
Entretanto, Regina Guimarães tinha referido, a 06 de fevereiro, num artigo de opinião do Público, que ponderava a saída deste órgão consultivo da Câmara Municipal do Porto.
“Resta-me ponderar se fará sentido eu permanecer ativa num órgão onde há quem considere indesejável o meu modo de pensar e opinar”, escreveu a escritora que hoje, em declarações à Lusa, confirmou ter tomado a decisão e tê-la transmitido por carta a Rui Moreira.
Regina Guimarães frisou que o órgão ao qual até agora pertencia “não é um órgão decisório”, mas considerou que se este “não produz pensamento sobre liberdade não está a fazer nada, está apenas a avalizar a política cultural municipal”.
“Os órgãos eleitos são eleitos em eleições e não precisam de um enfeite que é por na lapela, um conselho municipal onde não se discute o que é importante”, sublinhou Regina Guimarães.
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