Só nas regiões da Cantábria e Astúrias (norte de Espanha continental) não foram declaradas "zonas gravemente afetadas por uma emergência de proteção civil", vulgarmente conhecidas como "zonas de catástrofe", disse a ministra porta-voz do Governo, Isabel Rodríguez, na conferência de imprensa que se seguiu ao conselho de ministros que tomou esta decisão, que exclui também as cidades autónomas de Ceuta e Melilla, dois enclaves espanhóis em Marrocos, no Norte de África.

A declaração de “zonas de catástrofe” permitirá desbloquear ajudas extraordinárias para regiões e populações afetadas pelos incêndios, que este ano em Espanha provocaram três mortos e destruíram património público e privado em diversos pontos do país.

Nas 15 regiões afetadas pelos fogos, houve desde junho 120 incêndios, alguns deles considerados "grandes incêndios", aqueles que queimam mais de 500 hectares, que obrigaram a desalojar temporariamente centenas de milhar de pessoas, destacou a ministra Isabel Rodríguez.

A ministra, seguindo o que tem dito o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que os fogos deste ano, pela intensidade e dimensão, são "incêndios diferentes", resultado das alterações climáticas e das altas temperaturas que se têm registado desde junho, e que é necessário trabalhar em "todos os mecanismos" de prevenção e combate.

Espanha enfrenta este verão uma das maiores ondas de incêndios de que há registo no país, com os mais de 250.000 hectares queimados registados pelas autoridades espanholas a superarem já a área ardida em 2012, considerado o pior ano até agora em termos de grandes fogos, quando as chamas destruíram mais de 189.000 hectares, segundo dados europeus.

Os fogos também já queimaram em 2022 mais do que o total dos cinco anos anteriores, segundo dos dados do Governo espanhol atualizados até 14 de agosto.

Já segundo dos dados do sistema de informação europeu EFFIS, que usa imagens de satélite para fazer estimativas, a área ardida em Espanha este ano já chega aos 286.563 hectares, o que representa 39,3% total calcinado na União Europeia (UE) em 2022.

Espanha é assim o país da UE com mais hectares atingidos pelos fogos, seguido pela Roménia (149.172 hectares), Portugal (92.165), França (62.084) e Itália (47.363).

Em termos de percentagem de território ardido, Portugal é o país mais afetado (1,01%) e Espanha o quarto (0,54%).

Segundo os dados oficiais do Governo espanhol, atualizados até 14 de agosto, Espanha registou 50 “grandes incêndios” este ano.

É preciso recuar a 2006 para haver um número superior (58) e a média são 11 “grandes incêndios” por ano.