“O risco certo é que possa haver desvios definitivamente”, disse Ínigo de la Serna, numa conferência de imprensa, depois de se ter reunido com o ministro português do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.
O responsável espanhol insistiu que “estes desvios provisórios podem vir a ser definitivos”, e que poderão vir a beneficiar “os portos em que as empresas tenham uma maior esabilidade”.
Pedro Marques escusou-se a falar da questão, porque a tutela deste setor está com a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.
Mas pouco antes, e na mesma conferência de imprensa, o ministro do Planeamento salientou que o porto de Sines (na costa alentejana) poderia vir a ser "um dos principais portos da Península Ibérica".
Os dois responsáveis governamentais estiveram a discutir a melhoria da atual rede ferroviária entre Portugal e Espanha, nomeadamente a linha de caminho de ferro entre Elvas e a fronteira espanhola, cujo concurso "vai avançar" ainda este ano".
Os investimentos e avanços no corredor norte (ligação Aveiro-Vilar Formoso), o corredor sul (ligação Sines-Caia) e a linha do Minho (Porto-Valença) foram os temas abordados na reunião.
Fonte da Associação Espanhola de Fabricantes de Automóveis e Camiões (ANFAC), que reúne alguns dos principais clientes do transporte marítimo, já tinha dito na segunda-feira à agência Lusa que os portos portugueses, juntamente com os do sul de França e norte de África, irão beneficiar, caso a greve convocada pelo sindicato de estivadores em Espanha avance.
Segundo a fonte da ANFAC, isso pode acontecer no caso de os preços de utilização desses portos alternativos serem competitivos face aos praticados em Espanha.
O Governo espanhol aprovou na passada sexta-feira uma proposta de decreto-lei que liberaliza as condições de trabalho de estiva nos portos, cabendo agora às cortes (parlamento e senado) a sua aprovação no prazo de um mês.
Os sindicatos dos estivadores entregaram pré-avisos de greve por um período de nove dias alternados ao longo de três semanas, com começo em 06 de março próximo, coincidindo assim com o período até à votação final.
O ministro do Fomento, espanhol, voltou hoje a apelar à responsabilidade dos partidos políticos do seu país, insistindo na aprovação do documento no prazo de um mês.
A Espanha quer, com o decreto, cumprir a sentença do Tribunal de Justiça da União Europeia de dezembro de 2014, que exige a liberalização do subsetor da estiva, o único no país onde não existe liberdade de contratação de trabalhadores.
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