Segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nos últimos cinco anos baixou de 36,1% (2015) para 32,1% (2020) a percentagem da população com limitações na realização de atividades habituais devido a problemas de saúde, mas Portugal continua a ser um dos países onde este indicador atinge uma maior expressão (33,0% em 2019, 24,0% para a União Europeia, UE-27).
De acordo com o INE, a expectativa de vida saudável aos 65 anos para a população portuguesa em geral em 2019 situou-se em 7,3 anos, menos três anos do que a média europeia (10,3 anos).
A publicação “Estatísticas da Saúde 2019”, divulgada pelo INE por ocasião do Dia Mundial da Saúde, que se assinala na quarta-feira, refere que em 2019 subiu o número de médicos e enfermeiros por 1.000 habitantes.
Os dados indicam que em 2019 existiam em Portugal 5,4 médicos e 7,4 enfermeiros por 1.000 habitantes, mais 2,3 médicos e mais 4,2 enfermeiros/1.000 habitantes do que há duas décadas.
“O crescimento do número de médicos em Portugal foi mais elevado do que na UE-27, com 3,6% ao ano entre 2014 e 2018 (1,4% ao ano na UE-27)”, sublinha o instituto.
Em 20 anos, o rácio mulheres/homens dos médicos alterou-se de forma significativa em Portugal, de 79,2 mulheres por 100 homens em 1999 para 126,2 mulheres por 100 homens em 2019.
Do total de médicos inscritos na Ordem dos Médicos em 2019, mais de 60% eram especialistas (33.775), ou seja, estavam habilitados a exercer, pelo menos, uma especialidade em Medicina. A Medicina Geral e Familiar, a Pediatria, a Medicina Interna e a Anestesiologia continuavam a ser as especialidades com um maior número de médicos especialistas.
No mesmo ano, existiam 0,8 especialistas em Medicina Geral e Familiar por 1.000 habitantes com 15 ou mais anos e 1,5 especialistas em Pediatria por 1.000 habitantes com menos de 15 anos.
Entre 1999 e 2019, o número de especialistas em Medicina Geral e Familiar aumentou 67,0% (em média, 2,7% ao ano), o que representa mais 0,3 médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar por 1.000 habitantes com 15 ou mais anos, indica o INE, acrescentando que o número de especialistas em Pediatria aumentou 69,0%, quase duplicando o número de pediatras por 1.000 habitantes com menos de 15 anos (0,8 em 1999).
Ainda em 2019, a propósito de algumas especialidades médicas com mais interesse no contexto da pandemia de covid-19, o INE diz que existiam 201 especialistas em Doenças Infeciosas (mais do dobro dos existentes em 1999 e mais de 1/3 em relação a 2014), 661 médicos especialistas em Pneumologia (mais de 40% em relação a 1999 e 12% em relação a 2014) e 547 especialistas em Saúde Pública (com um aumento superior a 1/3 em relação a 1999 e de 13% em relação a 2014).
Cerca de 52,0% (28.822) do total de médicos inscritos em 2019 trabalhava num hospital em Portugal, mais 1,9 pontos percentuais (p.p.) do que em 2018 e mais 3,6 p.p. do que em 2017. A proporção de médicos a trabalhar nos hospitais tem, contudo, vindo a diminuir nos últimos 20 anos (em 1999 registava um valor de 61,2%), particularmente de 2011 a 2017, sublinha o INE.
Quanto aos enfermeiros, o INE diz que em 2019 estavam inscritos na Ordem dos Enfermeiros 75.773, ou seja, 7,4 enfermeiros por 1.000 habitantes, o que representa um aumento de 4,2 enfermeiros por 1 000 habitantes nos 20 anos anteriores.
Entre 1999 e 2019, o número de enfermeiros por 1.000 habitantes "foi consistentemente superior nas regiões autónomas, nomeadamente em 2019, com 8,9 e 9,2 enfermeiros por 1.000 habitantes, respetivamente, na Região Autónoma dos Açores e na Região Autónoma da Madeira", acrescenta.
Em 2019, tal como 20 anos antes, as mulheres continuavam a representar mais de 80% dos profissionais de enfermagem, tendo-se registado uma redução de 5% no rácio mulheres/homens em relação a 1999 (de 489,0 para 462,9), refere o INE.
Do total de enfermeiros em atividade em 2019, 55.903 eram generalistas (73,8%) e 19.870 eram especialistas (26,2%), com predominância de especialistas em enfermagem de reabilitação (22,1%) e enfermagem médico-cirúrgica (21,8%).
O INE indica ainda que mais de metade dos enfermeiros trabalhavam num hospital em Portugal em 2019 e sublinha que, apesar de o aumento de enfermeiros ao serviço ter sido superior nos hospitais de acesso não universal, "foram os hospitais de acesso universal que mais contribuíram para o crescimento do emprego dos enfermeiros entre 2015 e 2019 (72,0% do aumento global)".
Os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam ainda que o número total de camas para internamento baixou 5,7% em 2019 e que o peso relativo do setor público na oferta deste equipamento diminuiu (de 77,7% em 1999 para 67,9% em 2019).
Contudo, com a pandemia, em 2020 o Serviço Nacional de Saúde viu reforçada a capacidade de camas de internamento, sobretudo em cuidados intensivos.
Ainda em 2019, segundo o INE, a duração média de internamento situou-se em 9,1 dias, mais longa nas Unidades de Cuidados Intensivos como é característica deste tipo de internamento: 18,4 dias nos intensivos pediátricos, 17,2 dias nos intensivos neonatais e 11,8 dias nos cuidados intensivos de adultos.
O instituto refere ainda que os hospitais públicos ou em parceria público-privada continuaram em 2019 a ser os principais prestadores de serviços de saúde, assegurando mais de 80% dos atendimentos em urgência, 75,9% dos internamentos, 70,2% das cirurgias e 62,7% das consultas médicas.
Contudo, foi nos hospitais privados que estes serviços mais aumentaram em 10 anos (entre 1999 e 2019), com um reforço do peso relativo do setor privado ao nível das consultas médicas (de 15,6% para 37,3%), das cirurgias (de 22,4% para 29,8%), dos internamentos (de 15,3% para 24,1%) e dos atendimentos em serviço de urgência (de 4,2% para 17,3%).
(Notícia atualizada às 12h42)
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