Depois de uma manifestação que começou em frente ao Ministério da Educação e terminou nos jardins em frente ao Palácio de Belém, André Pestana foi esta tarde recebido por consultores do Presidente da República para a área da Educação, entre os quais Isabel Alçada, ex-ministra da Educação.

À saída, André Pestana da "breve reunião", disse que aguarda que o Presidente da República "veja as notas e tome uma posição" sobre as reivindicações dos professores, considerando que "a neutralidade" nesta "situação de injustiça" é "escolher o lado do opressor".

“Esperamos que sim, senão fica evidente que, perante uma grande injustiça, está a tomar o partido do agressor”, afirmou André Pestana em declarações aos jornalistas antes de subir para o camião, onde discursou perante milhares de pessoas que hoje participaram na terceira marcha organizada pelo STOP desde dezembro.

Além de André Pestana, foram recebidos representantes de trabalhadores não docentes e de técnicos especializados.

Milhares na manifestação

“Marcelo escuta, a Escola está em Luta” é uma das palavras de ordem que gritam os milhares de manifestantes que vieram de todo o país para participar neste protesto.

O protesto organizado pelo Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP) “em apenas sete dias” contou com a adesão de “um mar de gente”, sublinhou à Lusa o coordenador do STOP, André Pestana.

A marcha de 3,5 quilómetros percorreu as ruas que ligam o ministério da Educação, na Avenida 24 de Julho, ao jardim em frente ao Palácio de Belém, onde um grupo representante dos profissionais de educação será recebido hoje por assessores de Belém.

Os primeiros manifestantes chegaram aos jardins por volta das 16:15 e só passados 45 minutos chegaram os últimos, que estão contra a definição de serviços mínimos nas escolas para as greves agendadas pelo STOP para os primeiros dias de fevereiro.

Em declarações à Lusa, o advogado António Garcia Pereira, que tem dado apoio jurídico ao STOP, considerou “errada a decisão” de avançar para serviços mínimos, considerando que o objetivo era “intimidar os trabalhadores”: “Mas não vai afetar nada, porque a disposição de luta dos profissionais está aqui a vista. São mais de cem mil pessoas aqui”.

“O decretamento dos serviços mínimos visava um efeito intimidatório e esse falhou redondamente”, disse à Lusa, considerando “mais do que justas e devidas” as reivindicações dos professores e pessoal não docente.

O STOP exige um aumento mínimo de 120 euros para todos os que trabalham nas escolas. Os docentes pedem a devolução do tempo de serviço congelado e o fim das quotas e vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões.

“O Governo convenceu-se que conseguiria levar os profissionais de educação a dar um passo atrás, mas eles deram um passo à frente”, disse Garcia Pereira.

“Não paramos” é uma das palavras de ordem dos manifestantes que vieram de todo o país e hoje representam as escolas desde o pré-escolar até ao ensino secundário.

A manifestação de hoje é a terceira organizada pelo STOP desde dezembro, estando agendada uma outra para fevereiro, que foi convocada pela plataforma de sindicatos que junta, entre outras organizações, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional de Educação (FNE).

O protesto de hoje conta com um camião com sistema de som que acompanhou todo o percurso e está agora estacionado no jardim em frente ao Palácio de Belém, onde professores e trabalhadores não docentes de todo o país têm dado o seu testemunho sobre as dificuldades com que lidam nas escolas.

“Justiça por uma vinculação injusta” ou “Respeito” são algumas das mensagens dos manifestantes.

Os professores e pessoal não docente estão em greve desde dezembro contra a proposta do ministério para um novo modelo de recrutamento e colocação de professores, mas também para exigir a recuperação do tempo de serviço que esteve congelado durante a Troika ou o fim das vagas e quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira docente.

ALém das iniciativas promovidas pelo STOP estão também a decorrer greves organizadas pelo SIPE e por uma plataforma de nove sindicatos, entre as quais estão a Fenprof e a FNE.

A delegação dos professores e pessoal não docente em protesto deverá ser recebida por consultores para a área da Educação da Casa Civil do Presidente da República, no Palácio de Belém.

No passada quinta-feira, foram recebidas, também por consultores da Casa Civil, representantes de vários sindicados de progessores.

Segundo uma nota disponibilizada no "site" da Presidência, "as organizações sindicais apresentaram a sua perspetiva sobre a situação profissional dos professores e entregaram informação para ser transmitida ao Presidente da República".