"O país ouviu o Governo dizer que hoje temos uma economia mais qualificada. E a pergunta é desde que este governo entrou em funções, há pouco mais de um ano, a economia está mais qualificada, como disse o senhor primeiro-ministro? A resposta é não", afirmou Pedro Filipe Soares.

O líder parlamentar bloquista falava durante uma intervenção de fundo no debate sobre o estado da nação, que decorre esta tarde na Assembleia da República.

"É uma mentira o que o senhor primeiro-ministro nos veio cá dizer hoje, é uma mentira esta propaganda do Governo", acusou, referindo que "ao longo do último ano, 105 mil empregos de pessoas licenciadas foram destruídos".

Pedro Filipe Soares considerou igualmente que o executivo "não cuida" do emprego ou da habitação e "entendeu que o país devia empobrecer".

"Quem acha que é contra o trabalho que se faz uma governação, como está a fazer este Governo, é que está a destruir o futuro do país", defendeu, apontando que "não há economia qualificada sem trabalhadores qualificados, e não há trabalhadores qualificados sem salários dignos, sem justiça na economia".

O deputado do BE considerou que "não é uma política de empobrecimento, como a que este Governo está a levar por diante, que traz resultados como aqueles que promete" e indicou que "podia ser diferente" e "há alternativa".

"Não é na direita que há alternativa, é à esquerda, quem luta pelo trabalho, pelo futuro, pela dignidade, e esse é o futuro do país", defendeu o deputado do BE.

Também numa intervenção de fundo durante o debate do estado da nação, a deputada Alma Rivera, do PCP, afirmou que "o Governo fala de crescimento e resultados económicos animadores, mas isso não chega à vida das pessoas".

"Aquilo que se sente não é crescimento, é aperto", salientou, considerando que "aumenta tudo e só os salários e as pensões não acompanham".

Concordando que "não tem de ser assim", a comunista apontou que "o país não está condenado, está é mal governado pelas políticas que unem PS, PSD, CDS, CH e IL" e "refém dos fretes aos grupos económicos e às multinacionais, submetido a regras da União Europeia contrárias ao interesse nacional.

"Querem que acreditemos que não há alternativa a este estado de coisas, querem que acreditemos que a escolha é entre a política de direita mascarada de esquerda do PS ou a política de direita descarada de PSD, CDS, IL ou CH, mas uma alternativa existe e depende da força do povo, depende também da força com que o PCP conta para defender os interesses do povo", defendeu.

A porta-voz do PAN considerou que o governo “está em hibernação” e alertou que casos como o da antiga secretária de Estado Alexandra Reis, “que pôs a descoberto a facilidade com que se derretem dinheiros públicos numa gestão danosa e lesiva do interesse público”, contribuem para “o erodir da confiança nos políticos, das instituições e no sistema democrático”.

O deputado único do Livre evocou a memória do historiador José Mattoso, fazendo referência a uma obra intitulada “Identificação de um país” que “fala da diferença entre o norte cristão e o sul árabe”.

“Apenas estão contra a formação desta nação aqueles que recusam a capacidade que ela teve sempre de misturar povos diferentes: antes, judeus, cristãos e muçulmanos; hoje, aqueles que recusam que no Portugal de amanhã, e do Portugal de amanhã, farão parte nepaleses, paquistaneses, ucranianos, brasileiros e cabo-verdianos”, disse, ouvindo protestos da bancada do Chega e sendo aplaudido pelo PS.