“Lamento profundamente a arrogância desta intervenção. Nós não ouvimos a intervenção de um primeiro-ministro, mas sim de um líder político em combate com a Assembleia da República e com o país”, criticou Pedro Nuno Santos no arranque do debate do estado da nação, no primeiro pedido de esclarecimento ao primeiro-ministro.

Na opinião do líder do PS, o primeiro-ministro “não exige lealdade ao parlamento”, mas “presta contas ao parlamento e executa o que o parlamento decide”, pedindo “respeito pela democracia”.

“A derrota nas europeias e as sondagens deviam exigir de si mais humildade”, apelou Pedro Nuno Santos.

Na resposta, Luís Montenegro considerou que Pedro Nuno Santos "continua a confundir conceitos e continua a confundir a lealdade e a seriedade política com a arrogância".

"E faz mal porque assim vai manter-se num equívoco que já devia ter resolvido na sua ação política", disse.

Para o primeiro-ministro, "não deixa de ser irónico" que o líder do PS lhe peça para "ter mais humildade com as sondagens".

"É só irónico porque é exatamente isso que eu quero aqui afirmar: é uma postura de humildade apesar das sondagens serem tão boas para o primeiro-ministro", contrapôs.

Montenegro assumiu "que estes percursos têm altos e baixos" e avisou: "não nos deixamos abater quando estamos nas fases menos boas e também não nos inebriamos quando estamos nas fases melhores".

Pedro Nuno desafia Montenegro para repensar com o PS a estratégia do IRC

O secretário-geral do PS desafiou hoje o primeiro-ministro a repensar com os socialistas “a estratégia e política para o IRC”, tendo Luís Montenegro manifestado disponibilidade para o diálogo caso Pedro Nuno Santos tenha “confiança no tecido económico”.

Durante a primeira interpelação ao primeiro-ministro no debate do estado da nação, Pedro Nuno Santos perguntou a Luís Montenegro, mais do que uma vez, qual era a sua “visão estratégica para a economia portuguesa”.

Considerando que a medida decidida pelo Governo para a redução do IRC “transversal e sem critério é errada, injusta e ineficaz”, o líder do PS deixou um desafio ao chefe do executivo.

“Está disponível para repensar connosco, com o PS, a estratégia e a política para o IRC”, perguntou.

Na resposta, Luís Montenegro afirmou que o Governo tem “toda a disponibilidade para discutir soluções estratégicas para Portugal” e recordou que em 2014 “subscreveu e executou no parlamento um acordo político do PSD e do CDS com o PS para uma baixa gradual do IRC”.

“Se o senhor deputado tiver disponibilidade para olhar para o futuro com esta confiança no nosso tecido económico, vamos sentar-nos. Se não tem confiança não simule a disponibilidade”, pediu.