No primeiro pedido de esclarecimento do PSD no debate do estado da nação, o último da legislatura, o vice-presidente do PSD António Leitão Amaro traçou um cenário negro dos quatros anos de governação socialista.
“Um povo contribuinte esmagado, o serviço público degradado e arrasado. Na Europa, um país ultrapassado e cada vez mais atrasado. O interior queimado e abandonado, reformismo zero concretizado e o futuro completamente adiado. É este o triste estado da nação que nos deixa”, acusou.
Leitão Amaro acusou ainda o primeiro-ministro de “negar e tentar esconder tudo”, apontando casos como o do roubo das armas de Tancos, da “gestão danosa” na Caixa à “multiplicação de famílias socialistas no governo e na administração”.
“É tão curioso como o senhor fez tudo para ter o poder, mas quando há asneira, foge logo da responsabilidade que esse poder lhe deu”, criticou.
António Leitão Amaro considerou António Costa o primeiro responsável pelos “resultados medíocres da governação”, que considerou ter desperdiçado uma conjuntura internacional favorável “que não se via há décadas”.
“O vosso único programa foi desfazer reformas anteriores”, criticou, considerando que a governação socialista deixou “uma nação à espera”.
“Com portugueses que esperam e desesperam, pela consulta ou a cirurgia que é adiada ou cancelada, pelo meio de proteção civil que não chega para os salvar. Que esperam e desesperam pelo comboio, o autocarro ou o barco que se avariou, pela pensão de reforma que a Segurança Social não pagou”, apontou.
Para Leitão Amaro, “até o próprio Governo ficou à espera que a conjuntura internacional disfarçasse” e não fez reformas.
“Esqueceu-se que isto não é governar. Senhor primeiro-ministro, é culpado de deixar a Portugal à espera”, acusou.
Na resposta, António Costa considerou que “medíocres” foram as previsões feitas pelo PSD no início da governação socialista.
“Tinham previsto que, com a reposição de rendimentos e pensões, Portugal iria ser sujeito ao procedimento por défice excessivo. Pelo contrário, retirámos o país desse procedimento e da notação de lixo”, apontou.
E deixou um conselho a Leitão Amaro, sentado na primeira fala da bancada do PSD: “Senhor deputado, ainda bem que está sentado, porque quem vai ficar à espera é Vexa que o diabo chegue, mas espere sentado”.
O primeiro-ministro disse que responderia “com factos” à primeira intervenção do PSD e apontou que foi a partir de 2017 que Portugal retomou a trajetória acima da média europeia, que tinha interrompido em 2000.
Ao nível do emprego, Costa salientou o aumento de 350 mil postos de trabalho e o aumento de 20% do Salário Mínimo Nacional.
“Eu sei que preferem sempre olhar para casos pontuais do que ver a realidade dos números”, criticou, reiterando os valores do aumento do número de cirurgias e de consultas hospitalares na atual legislatura.
António Costa faz crítica indireta ao PSD e a Rui Rio
O primeiro-ministro usou hoje o elogio à nova lei de bases da habitação para uma crítica indireta ao PSD e a Rui Rio com as suas promessas de crescimento económicas mais favoráveis do que as do Governo.
No debate sobre o estado da nação, em resposta ao deputado socialista João Paulo Correia, António Costa fez o elogio à lei de bases da habitação, criticando os partidos da oposição por virem agora exigir mais do atual executivo quando, há quatro anos, “consideravam absolutamente impossível de alcançar”.
“O melhor elogio que podem fazer ao sucesso da nossa governação é exigir ir mais além do que consideravam impossível de alcançar há quatro anos”, afirmou o primeiro-ministro.
Mas “convém não lhes dar ouvidos”, como aconteceu em 2015, e “não ir além daquilo” que é possível fazer “para não perder nada” do que se conquistou “tão duramente nestes quatro anos de legislatura”, afirmou ainda.
E, a três meses das eleições legislativas, afirmou: “Não queremos voltar atrás e ao tempo em que a direita nos governava, com os resultados que tinha para o país e para a vida das portuguesas e dos portugueses.”
Sobre a lei de bases da habitação, afirmou ser um exemplo da "nova geração de políticas" sociais adotadas pelo seu Governo, garantindo a tradução do artigo da Constituição que dá direitos à habitação a todos.
Além do mais, trata-se de fazer um combate "à precariedade na habitação" para dar "a todos a possibilidade de arrendamentos acessíveis”.
A propósito da lei de bases, o primeiro-ministro, António Costa, aproveitou para fazer o elogio à deputada Helena Roseta, uma das impulsionadoras da nova legislação aprovada no parlamento.
O socialista João Paulo Correia, que falou minutos depois de António Leitão Amaro, do PSD, respondeu com números às críticas dos sociais-democratas.
Aos que dizem que este governo “aumenta impostos”, João Paulo Correia respondeu com um “falso”, dado que os portugueses pagam hoje “menos 1.000 milhões de euros em impostos”.
O aumento da carga fiscal é explicada, em parte, pelo facto de haver mais pessoas a trabalhar, a pagar impostos e, por isso, “é natural que o IRS cresça e os descontos para a segurança social cresçam”.
Comentários