João Tomás Bossa, de 39 anos, casou com a palestiniana Wafaa, de Khan Yunis, em 2019. Vivem com os três filhos que ela tinha de uma anterior união no Luxemburgo e olham para o cenário de guerra na Faixa de Gaza com desespero, conta o Diário de Notícias (DN).

Com família da sua mulher no território, desde o início do conflito que pede ajuda tanto às autoridades luxemburguesas como às portuguesas para os retirar da Faixa de Gaza. Para já, apenas conseguiu o que pretendia quanto à sogra. Por lá continua o sogro, um cunhado e uma cunhada e as respetivas famílias, além da mulher e filhos de outro cunhado, que vive na Bélgica. Ao todo, são "seis adultos, um jovem de 19 anos e 13 menores, com idades entre os 17 anos e os 11 meses".

João tem enviado emails diários e ligado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), mas a resposta pretendida tarda em vir. O primeiro contacto veio em dezembro, com o MNE a pedir dados sobre as pessoas que se encontram em Gaza.

"Nós que estamos aqui aflitos, ao receber um email destes ficámos só a ver coisas boas a acontecer. Houve uma excitação brutal. Obviamente enviei toda a informação e depois silêncio de novo”, lamenta ao jornal. “Eles só respondem ao que querem”.

Dias depois deste primeiro contacto, João foi informado da autorização para dois elementos saírem do território. No caso, os seus sogros. Mas depois Israel apenas permitiu a saída da sogra, sem justificar o porquê.

“Nós praticamente forçámos a minha sogra a sair. Ela ainda hoje se penaliza. Sente medo e culpa, porque sente que os abandonou”, explica. “O meu sogro foi mandado para trás, imagine a carga emocional. Sentiu-se rejeitado. Foi-se abaixo, não falava, recusava-se a comer o pouco que têm para comer. Só há umas três semanas voltou a ser a mesma pessoa, talvez pela presença dos netos”.

Ao DN, o MNE lembra que “mais de uma dezena de cidadãos com ligação a Portugal foram retirados da Faixa de Gaza com o auxílio das autoridades portuguesas, que continuam a trabalhar empenhadamente neste âmbito, acompanhando este processo que depende das posições assumidas pelas autoridades locais competentes.”

Mas João pede mais. E, por isso, continua a enviar emails, desta vez em nome de sete famílias que pretendem retirar os seus do cenário de guerra.