Biden atacou principalmente os republicanos que abraçam a ideologia "Make America Great Again (MAGA)". "Donald Trump e os republicanos da MAGA representam um extremismo que ameaça as próprias bases da nossa república", disse Biden, perto do local onde foi proclamada a Declaração de Independência e aprovada a Constituição americana, há mais de dois séculos.

"Não há lugar para a violência política nos Estados Unidos. Nenhum, nunca", assinalou o Presidente, referindo-se à invasão do ano passado ao Capitólio, realizada por apoiantes de Trump que se negaram a aceitar o resultado das eleições presidenciais.

"Durante muito tempo, temos dito a nós próprios que a democracia americana está garantida, mas não está. Temos de defendê-la, todos e cada um de nós. Peço à nossa nação que se una atrás do único propósito de defender a nossa democracia, independentemente da sua ideologia", pediu Biden.

Segundo o democrata, "as forças da MAGA estão decididas a fazer este país retroceder. Retroceder a uns Estados Unidos da América onde não haja direito à escolha, à privacidade, à anticoncepção, nem o direito a casar-se com quem se ama".

O presidente procura assim dar impulso ao Partido Democrata antes das eleições intercalares, nas quais estará em jogo o controlo do Congresso.

Donald Trump, com uma reação enigmática às palavras de Biden, publicou na sua plataforma online Truth Social uma imagem dividida com Joe Biden, à esquerda, cerrando os punhos no púlpito e ele, à direita, beijando uma bandeira americana.

"Alguém deveria explicar a Joe Biden o que MAGA significa... Se ele não quer tornar a América grande novamente, nem mesmo com palavras, ações e pensamentos, então certamente não deveria representar os Estados Unidos da América", afirmou Trump na legenda que acompanha a imagem.

Um dos temas centrais do discurso de Biden foi "a batalha pela alma da nação". A expressão refere-se a um texto que o presidente publicou na revista "The Atlantic" em 2017, após uma manifestação de supremacistas brancos na localidade de Charlottesville, Virgínia, que terminou com uma morte e dezenas de feridos. "Estamos a viver uma batalha pela alma desta nação", escreveu ele.

Após a sua eleição, em 2020, o político veterano considerou travar essa batalha por meio do diálogo com legisladores republicanos e de reformas pró-classe média.

Segundo uma sondagem publicada nesta quinta-feira pelo "Wall Street Journal", caso as eleições intercaladas fossem hoje realizadas, 47% dos eleitores estariam inclinados a votar nos democratas, contra 44% para os republicanos. Em março, a direita tinha uma vantagem de 5 pontos percentuais.

Os democratas sonham com uma façanha nestas eleições, o que renovaria a totalidade da Câmara dos Representantes e um terço do Senado, que é tradicionalmente desfavorável para o partido no poder.

O debate político mudou desde o começo do verão no hemisfério norte. A inflação diminuiu, o que possibilitou a Biden promover uma série de reformas, e foi anunciada a morte do líder da Al-Qaeda num ataque norte-americano.

Tal tem parecido o suficiente para enfrentar dois grandes eixos da campanha republicana: a queda do poder de compra e a fragilidade do presidente mais idoso da história do país.

Várias sondagens mostram bons desempenhos dos democratas em questões como a defesa do direito ao aborto e avanços sociais, onde os republicanos agora são amplamente vistos como reacionários. Também se destacam pela preocupação com a democracia e a rejeição da violência política, aspectos em que a figura de Trump invariavelmente aparece.

O Partido Democrata ainda terá dificuldade em manter o controlo da Câmara dos Representantes, mas espera preservar a sua maioria no Senado, sendo que o estado da Pensilvânia será crucial para que isso aconteça.

Biden já viajou para esse estado na terça-feira e retornará lá na próxima segunda-feira para comemorar o Dia do Trabalho com o candidato democrata ao Senado John Fetterman. Trump também irá para a Pensilvânia no sábado, mas para apoiar o seu candidato nesta corrida, Mehmet Oz.