“O International Dockworkers Council (IDC), que representa cerca de 140 mil estivadores em todo o mundo, tinha anunciado que ia apelar a ações de solidariedade com os estivadores de Lisboa e hoje a Coordinadora Estatal de Trabajadores del Mar revelou que não vai operar navios desviados para portos espanhóis devido à greve dos estivadores de Lisboa”, disse à agência Lusa o vice-presidente do SEAL, Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística, José Monteiro.
“De acordo com a informação que nos transmitiram, há já um primeiro navio, Raquel S, de pavilhão português, que estará a caminho dos portos espanhóis de Las Palmas e Algeciras, mas que não vai poder fazer a movimentação de cargas devido à solidariedade dos estivadores espanhóis [para] com os de Lisboa”, acrescentou o dirigente do SEAL.
Questionado pela agência Lusa, José Monteiro disse que, não obstante a paralisação praticamente total do Porto de Lisboa, os únicos contactos com as empresas portuárias têm ocorrido na Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), mas apenas para estabelecer os serviços mínimos durante a greve parcial que está a decorrer naquela infraestrutura portuária.
O SEAL considera que a solução do conflito terá de passar por um acordo entre as partes, que, face à situação atual, só será possível com a mediação do Governo, mas José Monteiro reconheceu que, até ao momento, não houve ainda qualquer contacto nesse sentido por parte do Ministério das Infraestruturas e da Habitação.
O bloqueio dos estivadores espanhóis à movimentação de cargas dos navios desviados do Porto de Lisboa foi anunciado no mesmo dia em que foi nomeado o administrador de insolvência da A-ETPL, Associação – Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa, que pediu a insolvência no passado mês de fevereiro, deixando sob a ameaça de desemprego cerca de 140 estivadores do Porto de Lisboa.
Em comunicado hoje divulgado, a A-ETPL diz ter sido hoje notificada da sentença de declaração de insolvência da empresa e da nomeação do Administrador de Insolvência.
De acordo com comunicado, a sentença proferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Juízo de Comércio de Lisboa - Juiz 7, fixou um prazo de 30 dias para reclamação de créditos.
Na próxima segunda-feira, os estivadores do Porto de Lisboa, que este ano só receberam ainda uma prestação de 390 euros dos salários que lhes são devidos pela A-ETPL, iniciam um greve total que se prolonga até 30 de março, decisão que foi tomada em plenário de trabalhadores depois de ser conhecida a intenção das empresas de estiva de Lisboa de pedirem a insolvência, agora concretizada, da A-ETPL.
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