"Estou cá há 45 anos e não me lembro de ver tantos incêndios. Este é um país rico, mas houve já apoio de outros países, que mandaram bombeiros. E ainda continuam incêndios a arder", explicou à Lusa, nos arredores de Wollongong, a sul de Sydney.

Os fogos não afetaram diretamente portugueses - não há informação de qualquer caso nem junto das autoridades consulares nem entre a comunidade portuguesa - mas a dimensão dos fogos afeta todos.

"É uma coisa que nunca vimos. Tem sido uma destruição sem precedentes. Em termos da natureza e das florestas a destruição foi horrível", conta à Lusa Sílvia Renda, uma das duas conselheiras para a Ásia e Oceânia do Conselho das Comunidades Portuguesas.

Em Vitoria, onde vive, os fogos de 2009 foram mais mortíferos - mais de 170 mortos - "mas a área, a dimensão era muito mais pequena", uma zona "mais concentrada, menor em termos de flora e fauna".

"Desta vez foi mais nas áreas regionais onde existem grandes áreas de agricultura, de turismo. Em termos do impacto nos negócios e nas áreas florestais, certamente foi algo nunca visto", sublinhou a conselheira, que vive em Victoria, um dos estados que a par de Nova Gales do Sul tem sido particularmente fustigado.

Também Melissa da Silva, a outra conselheira nesta região, sublinha a dimensão dos fogos, notando que não há notícias de portugueses afetados, ainda que muitos se tenham já mobilizado para apoiar as vítimas.

"A comunidade portuguesa também tem estado envolvida em apoiar as pessoas afetadas. Todos somos parte da mesma comunidade e temos de ajudar as pessoas nessas áreas", disse.

"Houve empresas [de portugueses] em Sydney que têm estado a levar água e comida por causa das carências que vivem. Vamos ver o que mais podemos fazer entre todos. Os clubes portugueses também vão realizar festas para angariação de fundos", contou.

Ainda que não haja portugueses afetados, os impactos mais alargados dos incêndios acabam por tocar a todos, por exemplo, devido ao agravamento da qualidade do ar nas principais cidades.

Em Melbourne, notou Sílvia Renda, os incêndios levaram espessas nuvens de fumo para a cidade, deixando a qualidade do ar "nos níveis piores do mundo em termos de poluição ambiental".

"O meu filho estava em colónia de férias e teve de ficar em casa. Tem problemas de asma e estar exposto a esses níveis de poluição não era uma opção para mim. Está a ser impossível fazer o mais básico", considerou a conselheira, que trabalha numa entidade que serve como mediador em processos com seguradoras ou a banca, entre outros.

Melissa da Silva, advogada, disse o mesmo, notando o impacto particular no setor em que trabalha, a construção.

"Na construção, as pessoas estão a trabalhar na rua e ao ar livre e por causa da qualidade do ar, muitos não podem trabalhar", disse.

E os problemas, disse Renda, podem alastrar-se no futuro, com a época das chuvas a poder ter impactos adicionais, especialmente pelos danos nas florestas.

"Os problemas não pararam aqui e vão continuar durante muito mais meses", disse.

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