“Não me interessa tanto a origem do voto, interessa-me que as pessoas quando votam no Volt saibam qual é a nossa proposta e se identifiquem com ela. Se anteriormente votaram no partido Y ou Z, acho que é um pouco indiferente mas, naturalmente ou tendencialmente, o nosso voto virá mais da área do centro do centro-esquerda do centro-direita”, disse Tiago Matos Gomes, presidente do Volt, em entrevista à Lusa, a propósito das eleições legislativas de 30 de janeiro.

Tiago Matos Gomes manisfestou o desejo de eleger dois deputados e admitiu como “satisfatório mas não suficiente” ser o mais votado dos partidos que não obtenham representação parlamentar.

“Isso já aconteceu no caso de Lisboa nas autárquicas, portanto já temos essa base de lançamento para as legislativas”, considerou.

O Volt Portugal “não encaixa naquela dicotomia da esquerda e da direita” e quer os votos do centro e dos eleitores descontentes, declarou.

A aposta nas energias renováveis, um “debate sobre o nuclear”, a defesa do Serviço Nacional de Saúde para que “seja sustentável e tenha melhores serviços”, uma reforma educativa para que os jovens saiam da escola preparados “para os desafios que vão enfrentar depois na idade adulta” são as prioridades do Volt.

O líder do Volt destacou ainda o combate à corrupção com a ajuda de uma “instituição europeia fora do sistema judicial português”, como uma das medidas prioritárias.

Sobre a crise política que levou à antecipação das eleições legislativas, Tiago Matos Gomes considerou “uma profunda irresponsabilidade numa altura destas deitar um Governo abaixo”, sustentando que “é mau para a estabilidade” e é “profundamente negativo” quando o país atravessa uma pandemia.

O Volt Portugal concorre a 19 dos 22 círculos eleitorais e, “se a pandemia permitir”, o presidente quer “percorrer o país com arruadas, com ‘flyers’, muito com o contacto humano” para “falar do partido e daquilo que tem de novo para apresentar”, afirmando que gostaria de uma campanha eleitoral “de uma forma positiva, não contra ninguém, mas para agregar valor”.

Quanto à gestão da pandemia de covid-19, o Volt Portugal considerou “um sucesso” o processo de vacinação, apontando que foi possível graças à “compra massiva de vacinas por parte da União Europeia e a distribuição pelos Estados membros” e também a adesão dos portugueses.

O Volt Europa é um partido federalista e “pan-europeu” que surgiu internacionalmente como movimento em março de 2017, como reação ao ‘Brexit’, iniciado por um coletivo de estudantes nos EUA. Andrea Venzon é o fundador deste movimento, que já é partido político em vários países europeus, nomeadamente em Portugal, Alemanha, Bulgária, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, Áustria, Luxemburgo, Dinamarca, França, Reino Unido ou Suécia.

O movimento surgiu em Portugal a 28 de dezembro de 2017 e foi oficializado como partido político pelo Tribunal Constitucional em junho de 2020.