Os dados são de um estudo, a que a Lusa teve hoje acesso, desenvolvido por Ana João Santos, no âmbito do Programa Doutoral em Gerontologia e Geriatria do Instituto de Ciências Biomédica Abel Salazar (ICBAS), sob a orientação de Óscar Ribeiro, do CINTESIS — Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

Os perpetradores de violência continuada são principalmente os cônjuges ou companheiros (54%). No entanto, 32% dos abusadores esporádicos ou menos frequentes (uma a dez vezes no último ano) são filhos ou netos.

Quando a violência consiste em ignorar ou deixar de falar, surgem também outros membros da família na lista, como irmãos, cunhados, sobrinhos ou primos, assim como a rede social informal (vizinhos, por exemplo).

A violência psicológica, que inclui insultos, ameaças, intimidação, humilhação, entre outros comportamentos abusivos, é considerada de mais difícil deteção porque pode não ser tangível, mas também devido a especificidades culturais, variações das próprias dinâmicas familiares e a diferentes formas de medir a violência.

O trabalho analisou a violência psicológica contra as pessoas idosas num total de 1.123 adultos com mais de 60 anos de idade, residentes em Portugal. Mais de metade (66,8%) eram mulheres, 48% tinham entre 60 e 69 anos e 60% tinham menos de cinco anos de escolaridade.

Segundo o investigador Óscar Ribeiro, o objetivo foi identificar os vários tipos de abuso existentes, incluindo as formas mais ligeiras de abuso, “até porque podem ser precursoras de formas mais graves”.

Os resultados obtidos revelaram que “o comportamento abusivo mais relatado pelos idosos é a agressão verbal, seguida pelo ato de ignorar ou recusa em falar e pelas ameaças”.

Entre os indivíduos mais velhos que sofreram pelo menos um ato de violência, cerca de 60% disseram ter sido ignorados e cerca de metade disse ter sido vítima de agressão verbal mais de dez vezes no último ano.

Além de determinarem a prevalência de abusos sobre os mais velhos, os investigadores pretendiam saber o perfil dos perpetradores dos abusos e o perfil das próprias vítimas.

Neste âmbito, conclui-se que as mulheres entre os 60 e os 69 anos de idade, com pouco suporte social e a residir nas próprias casas com o cônjuge ou companheiro e com os filhos são as que sofrem violência psicológica de forma mais frequente (mais de dez vezes no último ano).

Contudo, as mulheres entre os 70 e os 79 anos e com maior falta de suporte social são as que mais reportam este tipo de abusos, ainda que esporádicos.

O estudo tem como coautores Baltazar Nunes e Irina Kislaya do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, além de Ana Paula Gil, do CICS NOVA — Universidade Nova de Lisboa, tendo por base os dados do projeto “Envelhecimento e Violência”, coordenado por esta e desenvolvido entre 2011 e 2014 pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde.

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