“Até agora identificámos a presença de fortes explosões na parte central de Mekele e outra explosão na periferia”, disse o diplomata, que indicou que as instalações pertencentes à FPLT (na sigla inglesa) foram atacadas.
De acordo com um comunicado do Governo Regional de Tigray, publicado pela Tigray Media House, “desde ontem, Abiy Ahmed e as forças da Eritreia estão a bombardear com artilharia pesada”, hoje “principalmente contra instalações e infraestruturas civis”.
Em 26 de novembro, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, ordenou o ataque final às autoridades rebeldes na região de Tigray e prometeu “grande cuidado” para não ferir civis durante as ações para tomar Mekele, com quase meio milhão de habitantes.
O tenente general Hassen Ibrahim, chefe do Departamento de Drenagem da Força de Defesa Nacional, disse, em comunicado, que o exército assumiu o controlo da cidade de Wukro, cerca de 50 quilómetros a norte de Mekele, e que controlará Mekele dentro de dias, conforme relatado hoje pelo portal etíope fanabc.com.
Os bombardeamentos à capital do Tigray acontecem depois do encontro de sexta-feira de Abiy Ahmed com os ex-presidentes Joaquim Chissano (Moçambique), Ellen Johnson-Sirleaf (Libéria) e Kgalema Motlanthe (África do Sul), enviados pela União Africana (UA) para mediar a guerra, depois de o primeiro-ministro ter rejeitado o diálogo como solução.
O único diálogo que o presidente contempla é com “os partidos políticos que atuam legalmente na região” e com representantes da sociedade civil.
Por enquanto, o primeiro-ministro etíope, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2019, ignorou os apelos internacionais para a cessação ou redução das hostilidades contra o FPLT, o partido que governa o Tigray, região na fronteira com a Eritreia e com o Sudão.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou em 04 de novembro uma operação militar na região de Tigray (norte do país), após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da TPLF do Tigray.
Desde então, a região tem sido palco de ofensivas militares por ambas as partes, com o disparo de foguetes e de incursões para a captura de cidades.
Mais de 40 mil pessoas abandonaram a região em direção ao Sudão e quase 100.000 refugiados eritreus em campos no norte de Tigray ficaram expostos às linhas de fogo.
Organismos independentes relataram o massacre de pelo menos 600 civis.
A comunidade internacional, incluindo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e a União Europeia, tem manifestado grande preocupação com o conflito e o seu impacto humanitário, enquanto insiste nos apelos ao diálogo.
Abiy Ahmed tem rejeitado o que apelida de “quaisquer atos de ingerência indesejados e ilegais”, afirmando que o seu país irá lidar com o conflito sozinho.
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