O candidato democrata Jon Ossoff ganhou hoje a segunda volta das eleições no estado norte-americano da Geórgia, tornando-se o mais jovem senador dos EUA e garantindo a maioria democrata do Senado, noticia a Associated Press.

Com 33 anos, Ossoff derrotou o republicano David Perdue, de 71, que ocupou o assento nos últimos seis anos e tinha o forte apoio do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump.

"Geórgia, obrigado pela confiança que me concederam", dissera já hoje o candidato, numa breve declaração em que reivindicara a vitória.

Com a vitória de Ossoff, os democratas assumem o controlo do Senado dos Estados Unidos, dando a Joe Biden o apoio das duas câmaras do Congresso quando assumir o cargo de Presidente a 20 de janeiro.

O estado da Geórgia realizou na terça-feira a segunda volta das eleições para os dois assentos que detém no Senado dos EUA, uma eleição decisiva para saber quem controlará a câmara alta do Congresso.

Um dos dois lugares fora já hoje garantido pelo democrata Raphael Warnock, que bateu a senadora republicana Kelly Loeffler, tornando-se o primeiro senador negro na história do estado conservador.

Warnock, cuja vitória foi anunciada de madrugada pelas cadeias de televisão norte-americanas CNN, CBS e NBC, é pastor na mesma igreja em que Martin Luther King pregou até ser assassinado em 1968, em Atlanta, durante o movimento pelos direitos cívicos dos afro-americanos.

Com a eleição dos dois democratas, o partido de Joe Biden reforça a sua vitória, garantindo o controlo daquela câmara, num novo revés para o Presidente em exercício, Donald Trump, que continua sem admitir a derrota nas eleições de 03 de novembro.

Com esta dupla vitória na Geórgia, os democratas obtêm 50 lugares no Senado, tal como os Republicanos.

Mas, tal como previsto na Constituição, a futura vice-presidente Kamala Harris teria o poder de "desempatar", fazendo pender o equilíbrio da balança para os democratas.

Caos no Capitólio

Antes, a sessão de ratificação dos votos das eleições presidenciais dos EUA teve de ser interrompida devido aos distúrbios provocados pelos manifestantes pró-Trump no Capitólio.

Para enfrentar os protestos, e correspondendo ao pedido da presidente da câmara de Washington, Muriel Bowser o governador do estado da Virgínia, o democrata Ralph Northam, anunciou o envio de membros da unidade estadual da Guarda Nacional, assim como 200 membros da polícia da sua unidade administrativa.

Northam recorreu também à rede social Twitter para anunciar que estava “a trabalhar de perto” com Bowser, com a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e com o senador Chuck Schumer para “responder à situação” na capital norte-americana.

Milhares de manifestantes tinham-se reunido hoje em Washington, protestando e contestando a vitória do democrata Joe Biden.

Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazerem ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”, tendo mesmo dito que “nunca” aceitaria a sua derrota nas eleições de 03 de novembro.

Desde então, Trump voltou a pedir aos manifestantes que hoje invadiram Capitólio que se mantenham pacíficos, meia hora depois de uma outra mensagem no mesmo sentido, mas sem apelar ao fim dos protestos.

"Peço a todos no Capitólio dos EUA que permaneçam pacíficos. Sem violência! Lembrem-se, NÓS somos o Partido da Lei e da Ordem - respeitem a Lei e os nossos fantásticos homens e mulheres de azul", escreveu Trump na rede social Twitter, numa referência aos agentes das forças de segurança.

Pouco mais de meia hora antes, Trump fizera um apelo semelhante na mesma rede social: "Por favor apoiem a nossa Polícia do Capitólio e as forças de segurança. Eles estão verdadeiramente do lado do nosso País. Mantenham-se pacíficos!".

Minutos depois, agentes de segurança começaram a evacuar escritórios do Capitólio, por razões de segurança e, de seguida, aconselharam a suspensão dos trabalhos na Câmara de Representantes e no Senado.

Os trabalhos de discussão da contagem de votos eleitorais ficaram assim, para já suspensos, enquanto canais televisivos transmitem imagens de distúrbios nas escadas do Capitólio.

Vários legisladores, incluindo republicanos, usam as suas contas na rede social Twitter para criticar a ação dos manifestantes, dizendo que não se vão deixar intimidar pela sua presença ou pelos seus apelos para que a contagem de votos do Colégio Eleitoral seja rejeitada.