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O reforço militar de Washington na região ocorre em paralelo ao envio de três contratorpedeiros Aegis, um submarino nuclear de ataque rápido e aeronaves de reconhecimento, oficialmente com o objetivo de combater o narcotráfico internacional. No entanto, a mobilização gerou uma forte reação do governo venezuelano, que a considera uma ameaça direta à soberania do país.
A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, advertiu que qualquer ação militar dos EUA seria uma “calamidade” e um “pesadelo” para Washington, podendo gerar instabilidade em toda a América Latina e Caraíbas.
“Seremos a sua calamidade, seremos o seu pesadelo e isso significará também a instabilidade de todo este continente. Por isso, o apelo é à paz, senhores falcões dos EUA”, afirmou, durante um exercício de alistamento voluntário da população para defender o país, citada pela CNN.
Já o presidente Nicolás Maduro acusou os Estados Unidos de violar o Tratado de Tlatelolco de 1967, que declarou a América Latina e as Caraíbas como zonas livres de armas nucleares, e anunciou o alistamento de 4,5 milhões de milicianos da Milícia Nacional Bolivariana para proteger o território.
Pedido de intervenção à ONU
Maduro solicitou formalmente apoio da ONU para impedir o envio de navios norte-americanos à costa venezuelana, classificando a mobilização militar como uma “gravíssima ameaça” à estabilidade da América Latina e do Caribe.
Em carta dirigida ao secretário-geral António Guterres, o líder chavista afirmou que a escalada militar atingiu um nível sem precedentes, colocando em risco a paz e segurança da região.
“A humanidade e esta Organização não podem permitir que, em pleno século XXI, ressurjam políticas de força que ponham em risco a paz e a segurança internacionais”, escreveu Maduro, reafirmando o compromisso da Venezuela com o direito internacional e a resolução pacífica de conflitos.
O documento denuncia que a presença americana viola flagrantemente a Carta das Nações Unidas, citando os artigos sobre igualdade soberana dos Estados, solução pacífica de controvérsias, proibição do uso da força e não intervenção em assuntos internos. Maduro invoca ainda o Tratado de Tlatelolco e a Proclama da CELAC de 2014, que declaram a região como zona de paz.
Apesar do reforço militar, especialistas consideram que a frota atual não possui capacidade suficiente para uma invasão total da Venezuela: “Eu acho que esta movimentação tem como objetivo pressionar Maduro, mas não é um esforço em toda a linha para que caia”, disse John Polga-Hecimovich, da United States Naval Academy, ao Observador.
A administração Trump justifica a operação como combate ao tráfico de drogas internacional, apontando Nicolás Maduro como líder do denominado Cartel de los Soles, responsável pelo contrabando de cocaína para os EUA e Europa. Inclusive, a Casa Branca chegou a oferecer uma recompensa de 50 milhões de dólares pela captura de Maduro.
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