“Embora o contingente militar se esteja a retirar, permaneceremos no Afeganistão para o apoiar no futuro com conselhos sobre como lidar com o terrorismo e as várias formas de combater este problema”, disse Zalmay Khalilzad, durante uma conferência de imprensa em Nur-Sultan, capital do Cazaquistão.

O representante dos EUA acrescentou que Washington está atualmente empenhado num diálogo “positivo e esperançoso” com os países da região.

Khalilzad disse ainda que os EUA esperam “minimizar os riscos” relacionados com a retirada das suas tropas do país, o que requer “um governo forte, capaz de controlar o território e a ordem, algo que poderia acontecer após um acordo entre o governo e os Talibãs”.

“Estamos convencidos de que a paz só pode ser alcançada e preservada através da via política do diálogo e não do confronto militar”, disse, adiantando que até haver um acordo entre o governo e os Talibãs, os EUA ajudarão Cabul a “reorganizar o seu potencial antiterrorista”.

Acrescentou ainda que Washington também ajudará os países da região da Ásia Central, “incluindo o Cazaquistão”, a reforçar o seu potencial antiterrorista face à persistente ameaça do grupo terrorista Estado islâmico.

Khalilzad disse ainda que os EUA também estão a trabalhar em estreita colaboração com a Rússia, China e Paquistão para alcançar a paz no Afeganistão.

A retirada dos EUA do Afeganistão vai ser um dos assuntos da reunião que vai decorrer na segunda-feira, em Bruxelas, entre o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o novo presidente dos EUA, Joe Biden.

O presidente turco, ainda antes do encontro, já deixou críticas à ação norte-americana. “A América prepara-se para, brevemente, sair do Afeganistão e quando eles partirem, o único país confiável que permanecerá para manter o processo em andamento será, evidentemente, a Turquia”, declarou no aeroporto de Istambul, antes de partir para Bruxelas.

Recep Tayyio Erdogan revelou que as autoridades turcas disseram, no sábado, aos seus homólogos americanos que Ancara estava pronta para manter tropas no Afeganistão, sem dar mais detalhes.

“Podemos discutir o processo para o Afeganistão com eles”, acrescentou, enquanto disse que eles estão “encantados e felizes”.

A Turquia, que tem cerca de 500 soldados ainda no Afeganistão, já se ofereceu para assumir a defesa e a gestão do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, que serve a capital, Cabul.

O exército dos EUA vai retirar 2.500 soldados, 16.000 empreiteiros civis e centenas de toneladas de equipamento que se encontravam no Afeganistão até 11 de setembro, o 20.º aniversário dos ataques da Al-Qaeda a Nova Iorque e Washington.

A guerra no Afeganistão começou em outubro de 2001 com uma missão de capturar o líder da Al-Qaeda Osama bin Laden – o “cérebro” dos ataques do 11 de Setembro desse ano e que foi morto numa operação dos EUA no Paquistão em 2011 – e punir os talibãs que o tinham abrigado.

Durante a guerra morreram entre 35.000 e 40.000 civis afegãos e cerca de 2.300 soldados americanos, de acordo com uma investigação da Universidade de Brown em Rhode Island.

Os talibãs disseram no sábado que as forças estrangeiras não deveriam guardar “nenhuma esperança” de manter uma presença militar no Afeganistão e que a segurança das embaixadas e do aeroporto seriam da responsabilidade dos afegãos.