De acordo com o modelo preditivo da plataforma especializada FiveThirtyEight, o resultado mais provável das eleições é que os republicanos retomem o controlo da Câmara dos Representantes e do Senado, com uma probabilidade de 44 em 100.

A hipótese de que os republicanos ganhem apenas a Câmara e os democratas retenham o Senado é agora inferior, 37 em 100.

“Os democratas desafiaram a gravidade durante algum tempo”, disse o especialista em sondagens Nate Silver, na mais recente análise FiveThirtyEight.

Durante o verão, fatores como a revogação do direito federal ao aborto, descida dos preços dos combustíveis e passagem de pacotes legislativos melhoraram a perspetiva dos democratas de forma surpreendente, apesar de Joe Biden ter baixa popularidade e ser esperado que a oposição reconquiste o poder.

Essa melhoria começou a desvanecer-se em outubro. Embora os democratas ainda tenham uma ligeira vantagem no Senado (probabilidade de ganhar de 56 em 100), a distância apertou. Na Câmara dos Representantes, é praticamente certo que os republicanos vão voltar ao poder (hipótese de 80 em 100).

Aqui, “o interessante de ver será a sua margem de controlo”, disse à Lusa o cientista político Thomas Holyoke. “Isso vai determinar o que [o líder] Kevin McCarthy poderá fazer realmente. Se tiver uma maioria pequena vai ter dificuldade em tentar encontrar consensos na sua câmara”.

No Senado, a vitória ainda pode cair para qualquer um dos lados, mas será muito apertada: “seja qual for o lado, provavelmente será apenas uma vantagem de um ou dois assentos”.

Estão 35 assentos em jogo nestas eleições, sendo que os republicanos vão defender 21 e os democratas 14. Algumas das corridas são mais apertadas, frisou Holyoke, porque o partido republicano nomeou candidatos controversos apoiados por Trump, como Herschel Walker na Geórgia, Dr. Oz na Pensilvânia e Blake Masters no Arizona.

Ainda assim, e de acordo com o especialista, a oscilação geral das sondagens a favor dos republicanos deve-se em grande parte ao efeito da inflação, que continua muito elevada.

“O sentimento pessoal relativo à economia é normalmente o assunto dominante de uma eleição, em especial quando as coisas não estão a correr muito bem”, disse Holyoke. “Se uma pessoa perceciona a sua situação económica como não sendo particularmente boa, nem a situação da sua comunidade, tende a punir o partido que está no poder”.

A mais recente sondagem do New York Times/Siena mostrou uma reversão dos sentidos de voto: se em setembro os democratas estavam um ponto percentual à frente dos republicanos nas intenções gerais de voto, agora os republicanos encontram-se com quatro pontos de vantagem. Ou seja, 49% dos inquiridos pretendem votar nos republicanos e 45% votarão nos democratas.

“Os democratas têm estado a lutar contra a inflação o ano todo”, referiu Holyoke. “Estavam esperançados de que o aborto oferecesse um contraponto forte, e talvez isso tenha acontecido até certo ponto, mas a economia e a inflação são as questões dominantes e isso está a beneficiar os republicanos neste momento”.

Isso acontece, indicou o cientista político Everett Vieira III, porque os problemas económicos são particularmente salientes neste momento e há medo de uma recessão em 2023.

Ainda que a administração Biden esteja a trabalhar para mitigar o problema, o impacto de medidas como os aumentos nas reformas e o alargamento dos escalões do IRS não será imediato. Biden mantém baixa popularidade, na ordem dos 41,5% de aprovação e 53,5% de desaprovação.

“O governo está a trabalhar e a tentar contrariar os efeitos da inflação, mas ao dia de hoje as pessoas ainda não estão a ver os resultados”, disse Vieira. “Ainda não fizeram a declaração fiscal e ainda não receberam a atualização das reformas. Pode ser demasiado tarde”.

O professor destacou outro indicador da sondagem Times/Siena, segundo a qual 71% de todos os eleitores inquiridos disseram que a democracia está em perigo, mas uma porção relevante — um terço dos eleitores independentes e 12% dos democratas — admitiu votar em candidatos negacionistas porque o seu foco está na economia.

Feitas as contas, estas eleições intercalares não deverão fugir à norma e já não é expectável que algo mude o rumo dos resultados.

“Por vezes referimo-nos a algo a que chamamos ‘surpresas de outubro’, algum tipo de revelação horrível, mas isso tende a acontecer no início do mês”, disse Thomas Holyoke. “Já é demasiado tarde para persuadir os eleitores a votarem por um ou por outro. Se vão votar, já decidiram em quem. Agora a questão é a participação e a abstenção”.

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