Kelly confirmou assim a notícia que já havia sido avançada pela Reuters de que a administração Trump ponderava separar mães e filhos que atravessassem juntos a fronteira entre os EUA e o México ilegalmente.
“Se algumas crianças conseguirem entrar [ilegalmente] nos Estados Unidos com os seus pais, vai o Departamento de Segurança Nacional separá-los?”, questionou Wolf Blitzer, que conduziu a entrevista a Kelly.
“Temos muita experiência em lidar com menores desacompanhados”, respondeu John Kelly. “Entregamo-los à HHS [um género de segurança social] e eles fazem um trabalho muito, muito bom, seja colocando-os em orfanatos, seja colocando-os em contacto com membros da família que estejam nos Estados Unidos”.
E, cita a CNN, Kelly continuou: “Sim, estou a considerar [fazer isto], de forma a travar estas redes [de contrabando de pessoas] terrivelmente perigosas. Estou a considerar exatamente isso. Elas [as crianças] serão cuidadas enquanto lidamos com os seus pais. É mais importante tentar manter as pessoas [imigrantes ilegais] fora destas redes terríveis”, justificou.
David Lapan, porta-voz do departamento de Segurança Nacional confirmou a semana passada à CNN que as autoridades estavam “a explorar opções que possam desencorajar os imigrantes de sequer iniciarem a viagem. (…) A viagem para norte é perigosa, com muitas situações em que as crianças - trazidas por pais, parentes ou contrabandistas - são frequentemente exploradas, abusadas ou podem mesmo perder a vida”, explicou.
A medida chegou a ser ponderada pela administração Obama, mas nunca foi adotada, escreve a CNN.
Atualmente, escreve a Reuters, as famílias que contestam a deportação ou requerem asilo são geralmente libertadas rapidamente e aguardam a conclusão do seu caso em liberdade.
Segundo a agência, cerca de 54 mil crianças e respetivos responsáveis foram detidos entre 1 de outubro de 2016 e 31 de janeiro de 2017 nos EUA.
Enquanto os republicanos argumentam que as mulheres estão dispostas a arriscar a travessia com os filhos porque têm a certeza que serão rapidamente libertadas e que a sua audiência será marcada dentro de anos, os defensores dos direitos dos imigrantes advogam que são as más condições de vida que forçam estas mães a ir para os Estados Unidos e, nessa medida, deve ser-lhes concedido asilo.
Implementar esta proposta por causar “traumas psicológicos para a vida”, alerta Marielena Hincapie, diretora executiva do Centro Nacional da Lei de Imigração.
Atualmente, após uma determinação do tribunal de recurso no 9º circuito de julho de 2016, as autoridades estão obrigadas a libertar as crianças assim que possível, sendo que isso não se aplica aos pais.
Todavia, manter os pais detidos pode ter um impacto muito significativo nas contas nacionais, alerta Randy Capps, do Instituto de Política de Migração. “Estamos a falar de um aumento muito rápido da população prisional se fizerem isto. A questão está em saber quantas pessoas detidas podemos de facto aguentar”.
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