"Nós, portugueses, recusámos o maximalismo e a arrogância perante quem pensa diferente de nós, tanto quanto recusámos a submissão acrítica, as orientações que ameaçavam a nossa coesão porque todos somos necessários na construção dos nossos países e da Europa", declarou Ana Catarina Mendes.

Perante os delegados à reunião do Partido Socialista Europeu (PES), que termina hoje no Pavilhão Carlos Lopes, Lisboa, a deputada considerou que "os apoios que Mário Centeno hoje reúne são um ato de reconhecimento do seu trabalho e de justiça" para com a estratégia do Governo PS e pediu o apoio ao candidato português.

"Espero que o candidato socialista, de uma aliança de um governo de esquerda, possa merecer o apoio de todos vós, mas sobretudo peço-vos aqui que este reconhecimento seja o reconhecimento de que os socialistas têm sempre alternativa numa agenda de coesão e de solidariedade", afirmou.

Para a deputada socialista, os apoios até ao momento recolhidos "são a prova de que a Europa é mais forte quando aceita que há caminhos diferentes", reforçou.

A eleição para a presidência do fórum de ministros das Finanças da zona euro decorrerá na próxima segunda-feira, em Bruxelas.

De acordo com o Conselho Europeu, a corrida à presidência do Eurogrupo terá outros três candidatos: Pierre Gramegna (Luxemburgo), Peter Kazimir (Eslováquia) e Dana Reizniece-Ozola (Letónia).

Segundo Ana Catarina Mendes, "o sucesso" da "alternativa" seguida pelo governo PS mede-se pela diminuição da pobreza e do desemprego e pelo crescimento da economia, mas também pelo "facto de o primeiro acordo político de sempre entre os partidos da esquerda para apoiar um governo já ter feito aprovar três orçamentos do Estado quando muitos vaticinavam que não durava nem seis meses".

E, acrescentou, mede-se por o PS "ter conseguido explicar" aos parceiros europeus "qual era a sua visão", questionando "quantos eram os parceiros europeus hostis e desconfiados?".

A "combinação de valores e alternativa" acabou por "obter hoje por toda a Europa o reconhecimento" e "foi isso que tornou possível o que muitos julgavam na Europa e em Portugal inimaginável", um ministro das Finanças português e socialista, num governo de uma aliança de esquerda "tenha hoje reais possibilidades de vir a ser o próximo presidente do Eurogrupo".

No seu discurso, que abriu os trabalhos da reunião do PES, Catarina Mendes fez ainda um forte apelo à solidariedade europeia, dizendo não ter dúvidas de que o caminho que o governo do PS está a seguir em Portugal "teria sido mais fácil se tivesse o apoio de uma Europa mais progressista e solidária".

"De uma Europa menos submissa aos mercados e mais atenta aos cidadãos. De uma Europa menos dominada pelos interesses nacionais dos países mais fortes e mais compreensiva quanto às necessidades dos países mais fracos", advertiu.

Para a dirigente socialista, a alternativa socialista "tem de acontecer por toda a Europa já nas próximas eleições europeias de 2019", citando o anterior presidente norte-americano Barack Obama: "sim, nós podemos".