“O que se passa na Birmânia é uma catástrofe chocante, já que, mais uma vez, se tenta erradicar etnias inteiras”, declarou Jean-Claude Juncker, entrevistado num programa com animadores do YouTube para o canal Euronews.

Numa resolução, o Parlamento Europeu (PE) declarou-se hoje “muito preocupado com a gravidade e a dimensão crescentes das violações dos direitos humanos, incluindo assassínios, confrontos violentos, destruição de bens civis e deslocação de centenas de milhares de civis” na Birmânia.

Estima-se que os rohingyas – uma minoria étnica não reconhecida pelas autoridades birmanesas – sejam cerca de um milhão e, neste momento, entre 10.000 e 20.000 pessoas dessa etnia, exaustas, esfomeadas e por vezes feridas franqueiam diariamente a fronteira para o vizinho Bangladesh.

No Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, os campos de refugiados preexistentes estão a soçobrar perante este afluxo, e as colinas desflorestadas à pressa enchem-se de lonas esticadas sobre bambus que servem às famílias de abrigo precário contra as chuvas de monção.

“Há uma falta aguda de tudo, de abrigo, de comida e de água potável”, descreveu o representante da UNICEF no Bangladesh, Edouard Beigbeder, recordando a “monumental tarefa” de proteger as crianças, que representam 60% dos refugiados.

Perante a dimensão do êxodo, a ONU já não hesita, desde há alguns dias, em falar de “limpeza étnica”.

Na quarta-feira, o Conselho de Segurança exigiu à Birmânia medidas “imediatas” para fazer cessar a “violência excessiva” no estado de Rakhine.

Nos seus relatos, os refugiados descrevem massacres, incêndios de aldeias, torturas e violações coletivas.

A ex-dissidente birmanesa e prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, está a ser alvo de críticas da comunidade internacional devido à sua posição ambígua sobre esta questão.

A violência e discriminação contra os rohingyas intensificaram-se nos últimos anos: tratados como estrangeiros na Birmânia, um país mais de 90% budista, os rohingyas são a maior comunidade apátrida do mundo.

Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada em 1982, têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).

A dirigente birmanesa, no poder desde abril de 2016, após as primeiras eleições livres no país em mais de 20 anos, prometeu quebrar o seu silêncio na próxima terça-feira, num grande discurso à nação birmanesa.

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